sábado, 6 de julho de 2024

Municípios dos Pará são os mais atrasados do Brasil, mostra pesquisa

Dos 10 municípios com mais baixo Índice de Progresso Social (IPS), 7 estão no Pará, e mesmo os que são considerados ricos, como Canaã dos Carajás e Parauapebas, estão 20 anos atrasados em relação ao mais desenvolvido. Belém, capital paraense, se posiciona como a quarta pior entre as 27 capitais brasileiras


Nenhum dos 144 municípios do Pará, nem mesmo sua capital, Belém, ou suas estrelas da indústria mineral, Parauapebas e Canaã dos Carajás, posiciona-se entre os 1.000 mais desenvolvidos do Brasil, quando o assunto é progresso social. Essa é a conclusão a que chegou o IPS Brasil, que organiza o Índice de Progresso Social (IPS), segundo o qual o estado nortista é detentor dos municípios com os menores e piores indicadores de desenvolvimento.

O Blog do Zé Dudu se debruçou nesta quinta-feira (4) sobre os microdados do IPS liberados ontem (3), dos quais se inferem que os municípios paraenses têm um longo caminho a trilhar caso queiram se igualar minimamente ao nível de progresso social alcançado e oferecido em estados como São Paulo, Santa Catarina ou Paraná, por exemplo.

Para entender o tamanho do avanço e até mesmo dos desafios de cada localidade no tocante às necessidades humanas básicas de sua gente, aos fundamentos de bem-estar e às oportunidades, o IPS traz uma compilação de dezenas de indicadores que geram uma nota em escala de 0 a 100, em que quanto mais próximo de 100 a localidade estiver, mais evoluída será.

E é aí, nessa espécie de “vestibular” do progresso, que o Pará vai mal e reprova: o estado tirou nota 53,20 e foi o último colocado nacional, 2,5 pontos atrás, por exemplo, do vizinho Maranhão e muito longe, 14 pontos, do estado mais desenvolvido, São Paulo, que apresentou IPS de 66,25. A capital paraense, Belém, é simplesmente a quarta mais atrasada, com nota 62,51, muito abaixo de Brasília, a primeira colocada entre as capitais, com nota 71,25.

Atrasados em massa

Belém, metrópole com 1,3 milhão de habitantes, deveria ser espelho de desenvolvimento e progresso social senão para o país, ao menos para o estado que representa. Mas está muito longe disso, segundo o IPS, que se vale dos dados mais recentes de fontes como Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério das Cidades, Conselho Nacional de Justiça, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Mapbiomas.

Se dos 1.000 municípios mais adiantados e prósperos do país, nenhum é paraense, na outra ponta o Pará domina: dos 10 mais atrasados, sete (70%) estão aqui no estado, a saber: Trairão (38,69), Bannach (38,89), Jacareacanga (38,92), Cumaru do Norte (40,64), Pacajá (40,70), Uruará (41,26) e Portel (42,23).

À exceção de Belém, nenhum outro município conseguiu ultrapassar a nota 60 no IPS. O Blog do Zé Dudu filtrou que 81 localidades ficaram na faixa entre 50 e 59,99 pontos no índice, sendo que a maior surpresa foi Soure (59,37), na Ilha do Marajó, uma das localidades mais pobres do Brasil, ter tirado nota maior que Canaã dos Carajás (56,91) e Parauapebas (55,56), ambos os quais situados na maior província mineral de ferro de alto teor do globo.

Canaã e Parauapebas, aliás, não estão sequer entre as 3.000 cidades mais desenvolvidas do Brasil. A Terra Prometida está posicionada em 3.326º, enquanto a Capital do Minério se localiza perdida na posição 3.922º. Numa perspectiva mais didática, é como se os dois endinheirados municípios paraenses estivessem a quase 20 anos de distância do progresso social do município com o maior IPS do Brasil, Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, que cravou nota 74,49.

Em termos ilustrativos, é como se Gavião Peixoto tivesse chegado a 2024 sendo o que é, ao passo que Parauapebas estaria sendo o que é, mas em 2006, por exemplo, tendo de trilhar um longo caminho, especialmente nas áreas de saneamento básico, educação e segurança pública, para se igualar à cidade campeã nacional. É um descompasso histórico e de difícil reparação para o estado que vai receber, ano que vem, o maior e mais importante evento sobre mudanças climáticas da década no mundo, a COP 30.


Fonte: Blog do Zé Dudu 



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