quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Ceará fecha áreas de lazer de condomínio, reativa leitos e recomenda não viajar


Novas ações foram anunciadas em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 21, após agravamento do cenário da pandemia no Ceará


Ceará terá áreas de lazer e em condomínios fechadas e haverá ampliação na rede assistencial de atendimento da Covid-19 para o enfrentamento à pandemia, segundo anunciou em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira, 21, o governador Camilo Santana (PT). O governador também informou que o novo decreto estadual vai recomendar a não realização de viagens intermunicipais.

Outra decisão é proibir o uso de áreas comuns de lazer nos condomínios de praia e recomendar protocolos nos condomínios urbanos. "Nossa intenção é não tomar nenhuma medida que afete a economia do Estado, mas vamos avaliar semana a semana", disse o governador. Ele informou também que irá intensificar a fiscalização em bares, restaurantes e punindo estabelecimentos reincidentes.

"Esse aumento de casos não vinha refletindo na demanda assistencial, na demanda das Upas e nos óbitos. Porém, nas últimas semanas houve aumento na demanda assistencial, principalmente na capital. isso acende um alerta", explicou o governador.

Serão retomadas ainda unidades e leitos criados ao longo da pandemia no Estado, totalizando cerca de 2.800 leitos de enfermaria e UTI e todos os leitos foram mantidos para atender a demanda da população. No Hospital Leonardo da Vinci eram 150 leitos exclusivos para pacientes de Covid-19. Agora esses leitos serão retomados de volta para atendimento de Covid-19, na capital e no interior. 

O governador destacou a necessidade de evitar a aglomeração. "Exatamente para diminuir o fluxo de contaminação vamos recomendar que a população não viaje nos transportes intermunicipais", afirmou.

A reunião do Comitê Estadual de Enfrentamento à Covid-19, que delibera sobre os decretos sanitários e é realizada às sextas-feiras, foi antecipada para esta quinta-feira, 21, diante da situação de agravamento da pandemia. Ainda na quarta-feira, 20, Camilo expressou preocupação com a situação.

Conforme O POVO mostrou nesta quinta, o número de atendimentos por Síndrome Gripal em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) mais do que dobrou comparando os meses de outubro, mês de início da segunda onda, e os 19 dias de janeiro.

A Capital cearense é classificada em nível altíssimo de incidência de casos (o mais extremo), com 209,7 registros por 100 mil habitantes a cada dia. Contudo, a segunda onda já é registrada em todas as regiões do Estado, em níveis diferenciados. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).

Considerando o aumento de casos, ontem, 20, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) suspendeu os estágios acadêmicos da unidade (com exceção das residências médica e multiprofissional) por período indeterminado. A medida busca restringir a circulação interna de pessoas na unidade.

Segundo o professor José Soares de Andrade Júnior, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), cientista-chefe da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e integrante do Comitê Estadual de Enfrentamento à Covid-19, há circulação viral comunitária na Capital.

Ele informa ainda que já há aumento de casos em outras regiões. "Todas as macrorregiões têm um padrão de aumento relativo de casos. Algumas maior, como Cariri, e em outras menor, como Sobral. Cada uma tem populações distintas e densidades populacionais distintas", acrescenta.A médica epidemiologista Lígia Kerr, professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC, defende que medidas de restrição mais rígidas devem ser tomadas para evitar agravamento do cenário, bem como aumento da fiscalização.

"Nós provavelmente, em algum momento, vamos ter de fechar alguma coisa. Não temos medidas farmacêuticas ainda. Se não fechar, podemos atingir os níveis da primeira onda. Com uma mortalidade menor porque tem atingido mais jovens, por enquanto", alerta Lígia, integrante do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste.


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