Especialistas comentam sobre corrente que surgiu para questionar padrões estéticos impostos pela sociedade e incentiva as pessoas a aceitarem seus corpos como são
O início do ano é época de alta nos cuidados estéticos para curtir o verão e, enquanto muitos adotam dietas “milagrosas”, tratamentos de pele radicais e exercícios intensos para entrar no padrão que acreditam precisar estar para aproveitar a estação, um movimento cresce contra esse comportamento. O Body Positive é uma corrente que surgiu para questionar os padrões estéticos impostos pela sociedade e incentivar às pessoas a amarem seus corpos como são.
No Brasil, país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, tendo a prótese de silicone mamária, lipoaspiração e abdominoplastia na liderança dos procedimentos, o movimento chega através de influenciadoras digitais que falam sobre autoestima e amor próprio. Para Zacarias Ramalho, professor de Psicologia da Estácio, a abordagem do body positive é necessária para que a sociedade passe a respeitar todos os tipos de corpos, sem levar em consideração um único ideal de “belo”.
“As modificações realizadas no corpo, principalmente no que diz respeito às questões estéticas, são uma expressão da tentativa de poder adequar-se e fazer parte de um grupo, porque somos seres sociais e necessitamos uns dos outros. Porém, quando alguém se importa muito com as expectativas do outro, isso gera sofrimento e pode chegar a ocasionar distúrbios emocionais relacionados à autoimagem", alerta.
O Body Positive é sobre diminuir a importância dessas expectativas e aumentar a autoestima e amor próprio, incentivando que não é preciso mudar esteticamente para poder vivenciar experiências como ir à praia ou à academia. “Independente de ter rugas, celulite, sobrepeso ou cicatrizes, cada marca conta a história da pessoa e, da forma que é, todo corpo é potente e tem o direito às práticas de esporte e lazer”, aponta Emanuelle Justino dos Santos, professora de Educação Física na Estácio.
De acordo com a especialista, o Body Positive pode contribuir para que os indivíduos se sintam mais confortáveis na busca pelo exercício físico, mesmo sem fazer parte de determinado padrão estético. Isso ajuda a quebrar o estigma de que o exercício é uma atividade exclusiva para emagrecimento e, na verdade, colabora para o aumento da qualidade de vida de um modo geral.
“O exercício físico deve entrar na vida das pessoas para que tenham uma vida mais saudável, um estilo de vida mais ativo. Trata-se de um cuidado não só estético, mas com a saúde, visando prevenir doenças cardíacas, articulares e transtornos de humor, por exemplo” afirma. “Muitas vezes a pessoa se importa demais com o que o outro pensa ou se compara tanto, que fica paralisada. É por isso o Body Positive é tão importante: por estimular a iniciativa de se gostar e viver bem consigo mesmo”, avalia.
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