sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Texto-base da reforma administrativa é aprovado com possibilidade de corte de salários; veja pontos


Fachada da Câmara
Legenda: Comissão aprova texto-base da reforma administrativa; deputados votam sugestões de mudança
Foto: Agência Brasil

Comissão aprova texto-base da reforma administrativa; deputados votam destaques

Após idas e vindas, a reforma administrativa avançou, nesta quinta-feira (23), na comissão especial da Câmara dos Deputados. O texto-base do relatório do deputado Arthur Maia (DEM-BA) foi aprovado por 28 votos contra 18. Dentre os pontos, estão corte de salário de até 25% em caso de crise e a aposentadoria integral para policiais. 

A redução de jornadas e salários de servidores em até 25%  é condicionada à situação específica: "Cenário de crise fiscal, como alternativa em relação à adoção de outra mais drástica, o desligamento de servidores efetivos", diz o relatório de Maia.

A redação aprovada também traz a possibilidade de parceria privada para execução de serviços públicos e a previsão de contratos temporários com até 10 anos de duração. 

VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DA REFORMA:

  • Permissão para União, estados e municípios realizarem contratos temporários pelo prazo limite de 10 anos;
  • Retomada de aposentadoria integral para policiais;
  • Possibilidade de parceria privada para execução de serviços públicos por estados e municípios;
  • Possibilidade de redução de 25% de jornada e salário de servidores em caso de crise econômica;
  • Corte de "penduricalhos" para servidores da administração pública direta e indireta, ocupantes de cargos eletivos, membros dos Tribunais de Contas, do Ministério Público e da Defensoria Pública;
  • Abertura de processo administrativo contra servidor após duas avaliações insatisfatórias consecutivas ou três intercaladas;
  • Definição das carreiras típicas de Estado.

PRÓXIMOS PASSOS DA REFORMA ADMINISTRATIVA

Os deputados vão votar os 21 destaques — pedidos de alteração ao texto principal. Após essa fase, a PEC vai ao plenário da Câmara, onde precisa do apoio de no mínimo 308 deputados em dois turnos para chegar ao Senado.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) enviada ao Congresso pelo Governo no ano passado prevê uma reformulação no RH do Estado, com novas regras para contratar, promover e demitir funcionários públicos. 

CRÍTICAS 

A proposta foi criticada pela oposição que tentou barrar a votação desde quarta-feira quando a sessão se estendeu para perto da meia-noite e terminou sendo suspensa. Essa obstrução contrariou o relator que acabou retomando pontos das versões anteriores, como o artigo 37-A, que permite parcerias entre governos e iniciativa privada para execução de serviços públicos.

O dispositivo define que União, estados e municípios podem, "na forma da lei, firmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades, públicos e privados, para a execução de serviços públicos, inclusive com compartilhamento de estrutura física e a utilização de recursos humanos de particulares, com ou sem contrapartida financeira".

As versões apresentadas pelo relator também foram motivos para críticas da esquerda. 

"Foi uma confusão danada, encerramos a reunião (de quarta-feira) e cá estamos novamente. Agora, há meia hora mais ou menos, um novo relatório. Um novo relatório que muda substancialmente o texto que até agora vínhamos apreciando. E não é possível, para fortalecimento da democracia, para transparência do que acontece nesta Comissão", disse a líder do PSOL, Talíria Petrone (RJ), criticando a retomada do artigo 37-A. 

FÉRIAS SUPERIORES A 30 DIAS

O texto aprovado permite que União, estados e municípios firmem contratos temporários, por meio de processo seletivo impessoal e simplificado, pelo tempo máximo de dez anos. Esse tipo de contratação é vetada às carreiras típicas de Estado.

Esses cargos, sem paralelo na iniciativa privada, serão, de acordo com o texto, aqueles ligados à manutenção da ordem tributária e financeira, à regulação, à fiscalização, à gestão governamental, à elaboração orçamentária, à inteligência de Estado, ao controle, à advocacia pública, à defensoria pública e à atuação institucional do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário.

Foi aprovado também o fim de "penduricalhos", como férias superiores a 30 dias para novos entrantes, membros dos Tribunais e Conselhos de Contas e aos titulares de empregos ou de funções públicas da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e também aos dirigentes dos órgãos e das entidades integrantes da respectiva estrutura.

Juízes e a cúpula do Ministério Público ficaram de fora dessa regra e poderão manter, por exemplo, férias de 60 dias. Essa inclusão pode acontecer no plenário da Câmara, por meio de destaques, o relator disse, inclusive, que seu voto será a favor disso.

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO SERVIDOR 

O texto estabelece ainda que, quando o servidor tem um desempenho insatisfatório será avaliado por um colegiado. Duas avaliações insatisfatórias consecutivas ou três intercaladas serão suficientes para a abertura do processo administrativo. "Quem tem medo da avaliação de desempenho?", questionou o relator.

"Temos de avançar nesse sentido. A avaliação não é feita só para punir, mas também para avaliar o bom", completou. 

Alguns dos benefícios anulam parte das normas criadas pela reforma da Previdência aprovada em 2019, como a aposentadoria integral para os policiais e agentes penitenciários e socioeducativos, com os mesmos reajustes garantidos aos ativos, que tenham ingressado na carreira até novembro de 2019.

O relator também estendeu para essas categorias as possibilidades para cônjuges ou companheiros receberem pensão por morte se o profissional morrer em serviço.

Por DN 

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