Epidemiologista alerta que cuidados devem ser mantidos, especialmente devido à transmissão comunitária da variante Delta, que apresenta maior carga viral e costuma provocar sintomas mais leves
OCeará tem atingido taxas de positividades de exames de Covid-19 cada vez menores nas últimas semanas, conforme apontam dados do IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Há pelo menos três meses, é possível observar a estatística caindo — de 27,72% no fim de junho para 4,72% na última semana epidemiológica, entre os dias 12 e 18 de setembro.
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AssineDados divulgados em boletim epidemiológico da Sesa na última sexta-feira, 16, também reforçam que o Ceará passa por uma redução nos indicadores. Em relação à média móvel de mortes, agosto registrou uma redução de 80,9% quando comparado a julho. Números parciais de setembro também indicam uma diminuição, embora a pasta alerte que o atraso na digitação dos casos e óbitos nos sistemas oficiais pode comprometer a análise.
Cenário atual ainda exige cuidados, alerta epidemiologista
Mesmo com esses indicadores, a médica epidemiologista Ligia Kerr, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), enfatiza que o momento da pandemia ainda exige cuidado. Ela pondera que a introdução da variante Delta, cuja carga viral é ainda maior que outras variantes, em outros estados brasileiros resultou no aumento de casos e o mesmo pode acontecer no Ceará, se os cuidados não forem mantidos.
Kerr argumenta que o futuro da doença é incerto e a análise dos números da pandemia precisa ser abrangente e minuciosa. Ela citou, por exemplo, o recente aumento do número de internações pediátricas no Estado, que contrariam a queda da ocupação dos leitos de adultos. Conforme dados desta quinta-feira, a ocupação de UTIs infantis atingiu 66,3%, enquanto as UTIs para adultos permanecem abaixo de 30%.
“Não existe nenhum indicador único que dê uma visão do que está acontecendo, não se deve centrar apenas em um. Precisamos observar mais coisas para ter uma visão do que tá acontecendo”, detalha a pesquisadora. Sobre a menor disponibilidade de UTIs pediátricas, ela exemplifica que é preciso entender o porquê isso está acontecendo. “Será que houve redução na oferta de leitos? É preciso analisar os detalhes”, ressaltou.
Vacinação
O andamento da vacinação no Estado, inclusive com recebimento de doses que garantirão a imunização de toda a população adulta, é uma das razões para que os indicadores sigam caindo, conforme a pesquisadora. Até esta quarta-feira, já são 3.300.709 cearenses que completaram o esquema vacinal da Covid-19, de acordo com o vacinômetro da Sesa. O número é equivalente a 35,71% da população do Estado, conforme projeção do IBGE para 2021.
Outro fator que a especialista aponta para a manutenção dos índices é a continuação dos cuidados, como o uso de máscaras. “A chance de um espalhamento descontrolado não acaba, mas é menos possível com os cuidados”, explica. Ela insiste que ainda não é hora de fazer uma flexibilização mais ampla, com o aumento do número de pessoas em eventos sociais e a liberação de público em estádios. “É essencial evitar aglomerações e não sair quando for desnecessário”, aponta.
“É muito provável que depois dessa queda a gente tenha um aumento. Nós não sabemos o quanto a Delta consegue brigar com a imunidade deixada pela P1 (variante que surgiu no ano passado na cidade de Manaus) e com os efeitos da vacinação”, argumenta Kerr. “Essa é uma variante perigosa, não sabemos exatamente o que vai acontecer. É difícil, lidamos com um vírus que nos prega surpresas”, enfatizou.
Por O Povo
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