Mateus Dantas, de 22 anos, pediu uma oportunidade de trabalho para ajudar a pagar seus estudos
“Sou Mateus, 22 anos, peço emprego para concluir os estudos na área de enfermagem. Falta pouco. TCC 9,5”, foi o que Mateus Dantas escreveu, junto com seu número de telefone, em um cartaz para chamar atenção à procura de um emprego.
Natural de Barbalha, ele percorria a pé, cerca de 20 quilômetros, sob calor forte, até Juazeiro do Norte, em um dos semáforos mais movimentados atrás de oportunidade. Conseguiu e, hoje, teve seu primeiro dia de trabalho.
Sem condições de almoçar, apenas com uma garrafa de água, Mateus se manteve de pé com cartaz por três dias, até conquistar a vaga como operador de caixa em uma rede de supermercados de sua própria cidade no último domingo (26).
INSPIRAÇÃO
Desempregado e precisando pagar o restante das mensalidades do seu curso como técnico de enfermagem, o jovem decidiu usar a estratégia após ver um caso semelhante na praia de Canoa Quebrada, em Aracati. “Eu vi um vídeo de um cara na internet que fazia passeio de jangada, mas recebia poucos turistas. Nela, dizia: ‘Passeie comigo. Você alimenta minha família. Me ajude’”, descreve.
“Me ajude”, foi essa última frase que chamou sua atenção. Naquele momento, decidiu fazer algo semelhante por si. “Eu queria uma oportunidade de emprego para ajudar diretamente no meu futuro. Não foi para besteira. Foi para investir no estudo. Hoje, devo tudo a pessoas que nem me conhecem”, comemora.
Foi enquanto retornava de Juazeiro do Norte para Barbalha que, em um semáforo do bairro Lagoa Seca, a gestora do supermercado Opção, Ana Paula Salvador, viu o cartaz de Mateus. “Me chamou muita atenção, uma pessoa jovem, que não estava pedindo dinheiro, mas um emprego para estudar”, conta.
Rapidamente, antes de seguir viagem, conseguiu anotar o seu contato e ligou para fazer uma entrevista ainda no sábado. “No decorrer do dia, já estava tendo uma repercussão muito grande”, lembra Ana Paula. “O que apresentava no cartaz, mostra quem ele é. Uma pessoa persistente, animada. O perfil do profissional que a gente acredita”, completa a gestora.
Antes de chegar até aqui, Mateus já trabalhou em diversas funções: motoboy, assistente de palco, garçom, recepcionista, estoquista, são só alguns dos empregos que conseguiu, mesmo com pouca idade. Contudo, decidiu focar nos estudos. “Peguei o dinheiro que juntei e vendi uma moto que tinha, ferramentas, para pagar os estudos”. Como frequenta em uma instituição privada, há um gasto mensal entre R$ 600 e R$ 700, juntando transporte e alimentação.
Pode ser pouco para alguns, mas para quem não tem nada é difícil. Para economizar, eu chegava a andar sete quilômetros até láMateus DantasEstudante
Após tirar 9,5 no seu trabalho de conclusão de curso, seu sonho está mais próximo, restando quatro estágios. “Consigo concluí-los em três a quatro meses, mas ainda tenho pendências para pagar”, justifica.
Hoje (27), no seu primeiro dia como operador de caixa, Mateus se sentiu muito acolhido. “Me trataram muito bem, como uma família. Estou muito feliz”, resumiu. Mesmo com pouco tempo de contato, o feedback também foi positivo pela gestora: “Ele é comunicativo, tem muita vontade de aprender. É interessado. Todos gostaram bastante”, conclui Ana Paula.
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