Devido à Covid-19, o Exame Nacional do Ensino Médio foi adiado em 77 dias. Dificuldades para organizar rotina de estudo e manter o equilíbrio emocional estão entre os transtornos para os candidatos
Acho que os alunos da minha sala pensam todo dia em desistir do Enem porque imaginam que não vão conseguir. Mas a escola dá apoio pra gente não desistir e pelo menos tentar. Não custa nada”.
O desabafo é da estudante da rede pública estadual Gabriela Matos, de 17 anos. Ela está entre os 5.783.357 candidatos - sendo 325.706 do Ceará - inscritos para fazer o próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principal porta de acesso ao ensino superior público no Brasil.
Assim como os colegas de sala, ela também pensou em desistir. "Por enquanto, eu vou tentar. Mas não sei se, daqui pra lá, vai mudar alguma coisa. Tudo está acontecendo do dia pra noite”, diz, referindo-se às mudanças repentinas que a pandemia do novo coronavírus vem impondo à rotina escolar.
Ainda que não existam dados que evidenciem como está atualmente a evasão escolar como um todo no Ceará, instituições que atuam, há anos, no combate a este problema crônico ponderam que são altos os riscos de acentuação do abandono em 2020. Entidades como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) têm alertado sobre o assunto.
Um dos problemas indicados pelos entrevistados é a dificuldade de acesso às ferramentas tecnológicas para acompanhar as aulas online. "Muitos estudantes da rede pública não têm condições de comprar equipamentos, de ter um celular de qualidade ou internet. Isso é um ponto nevrálgico nessa perspectiva de educação e, sobretudo, nessa preparação do Enem", sentencia o professor de Português da rede pública estadual, Maurício Manoel Santos.
Fonte: Diário do Nordeste
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