Uma das prováveis alianças políticas que devem ditar rumos nos sete meses que antecedem as eleições presidenciais de 2018 já pode estar em estágio avançado de negociações: a candidatura de Henrique Meirelles como vice do tucano Geraldo Alckmin, restaurando a aliança entre o MDB e o PSDB. As informações são da colunista Eliane Cantanhêde, do Estado de S. Paulo.
Segundo a jornalista, as conversas para estabelecer a participação de Meirelles na chapa de Alckmin podem ter evoluído na última sexta-feira (2), em um encontro entre o presidente Michel Temer e o tucano Fernando Henrique Cardoso, nomes importantes para a consolidação da parceria – que agrega à candidatura Alckmin os êxitos econômicos do governo Temer, mas carrega, por outro lado, sua carga de denúncias e dívidas na Justiça.
A possível mudança de partido de Meirelles, atualmente filiado ao PSD, para o MDB deve se dar de forma “amigável”, já que ambos apoiam o nome de Alckmin para a presidência – e que o atual Ministro da Fazenda não obteve apoio de seu partido em relação às pretensões presidenciais. Outra vantagem de agregar a sigla emedebista à chapa de Alckmin é a riqueza do partido tanto em tempo de TV, ramificação nacional e bancadas no Congresso Nacional como em representatividade em governos estaduais e prefeituras.
De outro lado, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, é apontado como “um pragmático flexível”, que cedeu para ser vice de João Doria em São Paulo e que, se permitir a passagem de Meirelles para a coligação de Alckmin ao Planalto, aumenta as chances de sucesso político em 2019.
Carreira
As pretensões políticas de Henrique Meirelles despontam desde que saiu do BankBoston para disputar a Presidência da República, mas se elegeu deputado pelo PSDB e se tornou, posteriormente, presidente do Banco Central do PT. Desde então, recebendo reconhecimento no Poder Executivo, nunca parou de sonhar com a adrenalina das campanhas. Em 2006 e 2010, Meirelles se lançou ao governo de Goiás e chegou a cogitar a ideia de ser vice de Aécio Neves, em 2014, mas não teve espaço.
Num contexto em que candidatura de Alckmin se afirma como unificadora do “centro”, o projeto político avança e tem Michel Temer como peça chave – apesar de o presidente viver episódios ora positivos, com intervenção no Rio, dados econômicos e leve recuperação de empregos; ora negativos, com decisões da PGR e do STF sobre o porto de Santos e as relações perigosas do MDB com a Odebrecht.
Reprovação
O presidente Michel Temer, que cogita disputar a reeleição pelo MDB, é aprovado por apenas 4% e reprovado por 93% da população, de acordo com o Barômetro Político Estadão-Ipsos, pesquisa de opinião pública que todos os meses avalia a imagem de personalidades do mundo político e do Judiciário. Feita na primeira quinzena de fevereiro, a pesquisa não captou os efeitos da intervenção federal na área de segurança pública no Rio de Janeiro.
Temer vê na intervenção uma maneira de ampliar sua popularidade e, assim, aumentar suas chances na primeira eleição presidencial que pretende disputar como cabeça de chapa. A medida foi anunciada dias antes da possível derrota, na Câmara, da principal bandeira da atual gestão, a reforma da Previdência.
Já Alckmin é aprovado por 20% dos eleitores, e desaprovado por 68% – taxas que pouco oscilaram nos últimos três levantamentos do Ipsos. Meirelles, possível vice do tucano, é aprovado por apenas 5% da população. O ministro tem como trunfo a volta do crescimento do PIB em 2017, após dois anos de retração – mas a taxa de expansão da economia foi de apenas 1%, e o desemprego voltou a crescer em janeiro.
Nenhum dos pré-candidatos vinculados ao governo e ao centro político tem taxa de aprovação superior a dois dígitos, segundo o instituto Ipsos – incluso o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que deve anunciar nesta semana sua candidatura à Presidência. Segundo o Ipsos, ele tem taxas de aprovação, desaprovação e desconhecimento similares às de Meirelles – 4%, 69% e 27%, respectivamente.
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