Em celebração virtual sem a presença de fiéis, Igreja prega esperança para atravessar pandemia

Catedral de Fortaleza transmitiu celebração sem a participação dos fiéis (Foto: JÚLIO CAESAR)

Catedral de Fortaleza realizou pequena celebração evidenciando a esperança para enfrentar o período pandêmico provocado pela Covid-19

Único dia do ano em que não há missa, esta Sexta-feira Santa, em 2 de abril, foi marcada por uma pequena celebração na Catedral de Fortaleza. Relembrando o amor pregado por Jesus Cristo, representantes da Igreja Católica evidenciaram a esperança para atravessar o período de pandemia da Covid-19.

Para uma Igreja praticamente vazia, foi realizada a Celebração da Palavra de maneira online, que chegou aos fiéis pelas redes sociais. Do lado de fora não havia ninguém. No templo, poucos integrantes da equipe de transmissão da igreja, um repórter e um fotojornalista do O POVO.

Padre Watson Holanda Façanha, coordenador arquidiocesano da Pastoral. Celebração da Sexta-feira Santa em Fortaleza sem missas presenciais. (Foto: JÚLIO CAESAR / O POVO)

Após o ato litúrgico que durou uma hora e 30 minutos, o padre Watson Holanda Façanha contou que neste momento de medo e insegurança, é necessário agarrar-se à palavra deixada pelo líder máximo da Igreja, Jesus Cristo. “É importante unir toda essa apreensão. O nosso Senhor se doou completamente e nos ensinou a não ter medo da morte”, exemplificou.

“Para todos aqueles que estejam entristecidos neste tempo de pandemia, a palavra da Igreja é confiança e esperança. Cristo venceu, Cristo amou. E pelo amor nós também venceremos”, continuou ele, que é coordenador arquidiocesano da Pastoral de Fortaleza.

Na tradição católica, a sexta-feira que antecede a Páscoa é marcada pela lembrança da crucificação e morte de Jesus Cristo no calvário. Chamado de “Santo”, “da Paixão” ou “Maior”, este é o dia em que nenhuma missa é rezada, uma vez que a igreja está “enlutada”.

Devido ao decreto estadual de isolamento social mais rígido em que estão proibidas celebrações religiosas presenciais, os espaços físicos da Catedral estavam vazios. Mas isso não significa o afastamento das pessoas com a fé, considerou o bispo da Capital, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques.

Dom Jose Antonio Aparecido Tosi Marques, bispo de Fortaleza (Foto: JÚLIO CAESAR / O POVO)

“Deus permitiu tudo isso. E se Ele permitiu, é porque não é para o nosso mal. A gente tem de perceber qual é o bem que pode existir em uma situação como essa. (Enfrentar a pandemia) É um grande desafio social em que precisamos nos preservar para preservar os outros”, afirmou ele, apontando que parte do medo sentido hoje não é somente o de se contaminar com o vírus, mas também de não ser um ponto de contágio.

Sobre o fato de os fiéis não estarem presentes dentro do templo, Dom José Antonio disse que isso não significa que eles estejam fora da igreja. “Os fiéis são a igreja, o povo é a igreja. E a igreja continua unida”, confirmou.

O líder religioso ainda completou: “Apesar de não podermos estar fisicamente juntos, podemos acompanhar através de outras formas. O que não substitui a presença física, mas nos dá pelo menos um meio de podermos nos reunir e nos renovar.”

Somente no YouTube, a transmissão realizada no canal da Arquidiocese de Fortaleza alcançou cerca de 1,4 mil visualizações até a noite desta sexta.

 

Na Igreja de Fátima

No fim desta tarde, 2, um grupo de fiéis chegou a manifestar sua fé em frente à Igreja de Fátima, na avenida 13 de maio. Entre às 17h30min e 18 horas, cinco carros estacionaram no local.

Fiel reza em frente à igreja de Fátima (Foto: JÚLIO CAESAR / O POVO)

Enquanto algumas pessoas não se arriscaram a sair do veículo, outras poucas deixaram seus automóveis. Mesmo com a igreja fechada, das escadas da entrada essas pessoas rezavam...

Pela erradicação da covid-19 ou outras preces? Em respeito ao luto católico, equipe do O POVO preferiu não perguntar.

O Povo