terça-feira, 12 de setembro de 2023

Impasse territorial entre Ceará e Pernambuco faz cearenses 'se tornarem' moradores do estado vizinho

conflito salitre
Legenda: Maria Elizete Pereira e o marido Antônio José Filho Nogueira são residentes da Serra dos Nogueiras, em Salitre, onde há um conflito territorial com Pernambuco.
Foto: Ismael Soares

A reportagem do Diário do Nordeste viajou até Salitre para entender os conflitos vivenciados pela população rural que acredita morar no Ceará, mas está registrada como residente de Ipubi (PE)

Quando Antônio José Filho Nogueira, hoje com 73 anos de idade, chegou, ainda criança, na década de 1960, a um pequeno povoado, na cidade de Salitre, no Sul do Ceará, próximo à divisa com Pernambuco, ainda eram pouquíssimos os habitantes. Lá, literalmente, ele abriu caminhos. Casou, trabalhou como agricultor e mecânico, constituiu família. Aos poucos, viu chegar a vizinhança. E, diante das mudanças, sempre teve certeza: estava no Ceará


Mas, essa convicção, nos últimos anos, foi abalada. Um conflito territorial entre as cidades de Salitre (CE) e Ipubi (PE), no qual o Ceará perdeu área para Pernambuco, fez cearenses como seu Antônio “se tornarem” pernambucanos, pois o território habitado por ele e cerca de outras 1.000 pessoas, embora historicamente reconhecido como Ceará, conforme registros formais seguidos, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, no Censo Demográfico de 2022pertence ao estado vizinho

impasse perdura há anos, mas ganhou ênfase com o Censo, pois, cearenses foram recenseados como pertencentes a Pernambuco. O território em questão em Salitre é conhecido como Serra do Baixio do Moco e lá as comunidades se subdividem em áreas que levam nomes de famílias, como Serra dos Nogueiras, dos Afonsos, dos Carlos, dos Gaudêncios, dos Felisminos, dos Torres, dentre outras. 




Escrito por Thatiany Nascimento 
Diário do Nordeste 

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