Presidente da Rússia, Vladimir Putin, em MoscouFoto: Sputnik/Alexey Nikolsky/Kremlin via REUTERS
Reação russa não foi de surpresa, mas aliados ocidentais garantem endurecer medidas caso tensão cresça ainda mais nas fronteiras e áreas separatistas ucranianas
O movimento de reconhecer grupos separatistas na Ucrânia como independentes, anunciado pelo presidente russo Vladimir Putin na segunda-feira (22), causou reações de diversos países e blocos do Ocidente, que já chegaram a anunciar sanções diretas contra a Rússia por causa da medida.
Segundo um levantamento da Agência CNN, os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido já se movimentaram a fim de restringir executivos, empresas, autorização a empreendimentos, entre outros, ligados à Rússia. Outros blocos importantes, como a União Europeia e o G7 também anunciaram restrições conjuntas.
Algumas instituições do país já haviam se adiantado às medidas anunciadas. A agência de classificação da Rússia ACRA estimou que os bancos do país importaram US$ 5 bilhões em cédulas em moeda estrangeira em dezembro de 2021, acima dos US$ 2,65 bilhões do ano anterior, uma ação preventiva em caso de sanções que criem aumento na demanda.
No entanto, a promessa dos países ocidentais é que mais medidas sejam anunciadas conforme o escalar da tensão nas fronteiras com a Ucrânia.
Estados Unidos
Na segunda-feira (21), a Casa Branca anunciou sanções menos severas e mais específicas. O presidente Joe Biden emitiu uma ordem executiva “proibindo novos investimentos, comércio e financiamento de americanos” para as repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
Estão proibidas a importação e exportação de bens, serviços e tecnologias das regiões, bem como a entrada de lideranças ou associados a lideranças políticas nas áreas separatistas.
As novas sanções serão anunciadas nesta terça-feira (22), de acordo com informações de funcionários do governo americano.
Alemanha
O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que a Alemanha irá suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2 como resposta à decisão da Rússia de reconhecer independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia.
A Rússia é responsável por 1/3 do gás consumido na Europa. A Alemanha está no centro das pressões por conta do Nord Stream 2, de 1.200 quilômetros, um megaprojeto de US$ 11 bilhões concluído em setembro.
Como consequência da decisão de suspensão do gasoduto, o preço da tarifa de gás deve aumentar na Europa nos próximos dias. Já a redução da demanda deve prejudicar a arrecadação do governo russo.
Reino Unido
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou sanções contra cinco bancos russos e três executivos de alto escalão do país. São eles o Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e o Black Sea Bank, assim como os magnatas Gennady Timchenko, Igor Rotenberg e Boris Rotenberg.
“Queremos impedir que as empresas russas consigam levantar fundos em libras esterlinas ou mesmo em dólares. Queremos que parem de levantar fundos nos mercados do Reino Unido e queremos tirar o véu que esconde a posse das propriedades deste país”, declarou o premiê diante do parlamento britânico.
Segundo Johnson, é hora de se “preparar” para as próximas etapas do plano de Putin para a Ucrânia depois que Moscou enviou forças russas para duas regiões separatistas no leste do país.
União Europeia
Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (22), o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que esse é um momento particularmente perigoso para a Europa. Jean-Yves Le Drian, ministro da Europa e assuntos estrangeiros da França, complementou dizendo que a aprovação das sanções foi feita de forma unânime.
O bloco anunciou que decidiu conjuntamente por uma série de sanções contra a Rússia. Embora não tenha especificado quais serão as sanções, foi estabelecido que 27 indivíduos e entidades que “prejudicam a integridade territorial da Ucrânia” serão alvo das restrições.
O pacote contém propostas contra “aqueles que estavam envolvidos na decisão ilegal”; “bancos que estão financiando militares russos e outras operações nesses territórios” e “visar a capacidade do Estado e do governo russos de acessar os mercados e serviços financeiros e de capitais da UE”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, disse, em coletiva de imprensa após o anúncio, que novas sanções serão adotadas contra a Rússia se necessário.
G7
O G7, que reúne os sete países mais industrializados do mundo, foi outro bloco que anunciou que aplicará sanções diretamente contra a Rússia em reação ao reconhecimento de áreas separatistas da Ucrânia. O grupo é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, afirmou pelas redes sociais que os ministros das Relações Exteriores dos sete integrantes do grupo concordaram em adotar “um forte pacote de sanções escaladas coordenadas” contra a Rússia em resposta a Moscou “violar seus compromissos internacionais”.
“Os ministros das Relações Exteriores do G7 condenam veementemente a violação da Rússia de seus compromissos internacionais. Acordamos um forte pacote de sanções escaladas coordenadas em resposta. Nosso apoio é inabalável à integridade territorial da Ucrânia”, disse Truss.
🇬🇧🇺🇸🇩🇪🇫🇷🇨🇦🇮🇹🇯🇵 The G7 Foreign Ministers strongly condemn Russia’s violation of their international commitments.
We agreed a strong package of coordinated escalatory sanctions in response. Our support is unwavering for the territorial integrity of Ukraine. pic.twitter.com/uW6y3ItrZJ
— Liz Truss (@trussliz) February 22, 2022
*Com informações da Reuters e CNN
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