Fernando Scheffer, 23, chegou ao Japão para as Olimpíadas de Tóquio dizendo que a medalha era possível. O argumento era simples: a prova dos 200m livre estava tão aberta que qualquer um poderia vencer. “Não existem favoritos, e os tempos mostram isso”, afirmou o nadador.
Ele estava certo. Com 1min44s66, o brasileiro conquistou a medalha de bronze na noite desta segunda-feira (26), no Centro Aquático de Tóquio. Foi o primeiro pódio do país na natação desde Londres-2012, quando César Cielo foi bronze nos 50m e Thiago Pereira ficou com a prata nos 400m medley.
A medalha também foi a recompensa, com juros, pela decepção de 2016, quando não conseguiu o índice para os Jogos do Rio por 80 centésimos de segundo. “Só queria fazer a minha prova, colocar na água tudo o que treinei e nadar feliz. Parece que estou sonhando ainda”, disse ele segundos após a terceira posição.
As medalhas de ouro e prata ficaram com os britânicos Tom Dean (1min44s22) e Duncan Scott (1min44s26), respectivamente. “O ranking dos 200m mostra que temos condições de bater de frente com as potências”, afirmou Scheffer, em mais uma previsão correta.
O brasileiro terá pouco tempo para comemorar. Na manhã de terça (27), às 8h07, ele vai nadar a semifinal do revezamento 4x200m, prova na qual também tem chances de medalha. À Folha, antes dos Jogos, Scheffer indicou acreditar que o pódio era mais provável nesta prova do que nos 200m individual.
Com a conquista, a natação brasileira chega à sua 14ª medalha em Olimpíadas. E ela veio com o gaúcho de Canoas que, aos 11 anos, começou a nadar apenas para não ficar sozinho em casa e em pouco tempo passou a ser apontado como uma das maiores revelações da modalidade no país.
Nos 50 metros finais, chegou a flertar com o ouro e travou duelo com os britânicos até a batida derradeira. O bronze confirma a intenção manifestada à Folha no mês passado. Ele tinha condições de conquistar um resultado histórico em Tóquio. Calmo, sem jamais mostrar ansiedade, em característica que desde cedo impressionava seus treinadores, ele já sabia que as Olimpíadas seriam inesquecíveis.
“Foram tantos anos de treino que eu quero aproveitar cada segundo. Um passo de cada vez. Não tenho dúvidas de que vai ser uma experiência incrível”, disse.
O pódio para Scheffer significa seguir os passos do ídolo César Cielo, o nadador cuja vitória, há nove anos, o gaúcho acompanhou pela TV. À época, ainda criança, ele nem pensava estar nos Jogos, algo que só entrou na cabeça quando viu seu nome pela primeira vez no ranking nacional dos 200m livre, a prova que agora lhe deu o maior momento da carreira, na piscina de Tóquio.
“Todo o espírito olímpico me chama muito a atenção. A ideia da união dos povos, os valores, os sonhos, o esporte como um todo. É o que faz os Jogos serem tão mágicos”, disse o nadador do Minas Tênis Clube.
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