A saída do general Fernando Azevedo e Silva do comando do Ministério da Defesa foi recebida com preocupação por integrantes da ativa e da reserva das Forças Armadas e como algo além de uma troca para acomodação de espaços no primeiro escalão do governo.
Ao Blog, um general da reserva enxergou o movimento que levou à demissão de Azevedo e Silva como um sinal do presidente Jair Bolsonaro de que deseja ter maior influência política nos quartéis.
No Exército, os nomes mais fortes para assumir o Ministério da Defesa ao longo da tarde eram os dos ministros Braga Netto Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). No fim do dia, o Planalto confirmou Braga Netto na Defesa e Ramos na Casa Civil.
Nas palavras de um interlocutor próximo do general Fernando Azevedo e Silva, Bolsonaro pressionava por um engajamento maior das Forças Armadas no governo.
A maior preocupação nos comandos das Forças Armadas é com o movimento de politização dos quartéis.
Desde o ano passado, o presidente deixou de esconder a insatisfação com a permanência do general Edson Pujol no comando do Exército.
Em novembro do ano passado, Pujol afirmou que os militares não querem "fazer parte da política, muito menos deixar a política entrar nos quartéis".
Na ocasião, o vice-presidente Hamilton Morão, também um general quatro estrelas da reserva, reforçou essa posição de Pujol em conversa com o Blog.
Mourão ressaltou na ocasião que a política nos quartéis acaba com a disciplina e com a hierarquia.
"[Pujol] verbalizou o nosso modo de pensar. Não admitimos política nos quartéis, pois isso acaba com os pilares básicos da instituição — a disciplina e a hierarquia", disse Mourão em novembro.
Integrantes do alto escalão das Forças Armadas avaliam como perigosas manifestações do presidente que possam estimular quebra de hierarquia, um dos pilares fundamentais da organização dos militares.
Manifestações constantes de Bolsonaro têm causado grande mal-estar entre militares.
Recentemente, o presidente afirmou: “O meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa”. Ele deu a declaração em contraponto às medidas restritivas adotadas pelos estados.
Fonte: G1
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