quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Jacutinga do Cariri: filme conta a história de Glorinha, dona do cabaré mais famoso do anos 50 e 60


“O Reino da Glória” é produzido por estudantes da Universidade Federal do Cariri e explora a personagem para além do empreendimento que marcou a cidade do Crato por décadas


Ninguém conhece Maria da Glória Pereira. Conhecem Glorinha – sobretudo quem reside no Crato, município do Cariri cearense. A mulher tornou-se lendária ao comandar o mais famoso cabaré da cidade entre as décadas de 1950 e 1960. Diziam: “Vou lá na Glorinha”. Aos noveleiros de plantão, era uma espécie de Jacutinga, personagem de “Renascer”. Um ícone.

Por anos, essa figura rondou não apenas o imaginário, mas o cotidiano popular, capaz de cravar o próprio nome na história da região. “Sempre que eu ouvia falar naquela mulher tão respeitada quanto o prefeito, enlouquecia pensando em como isso era possível. Ao mesmo tempo, ela era uma incógnita para mim. Era como se fosse apenas uma lenda da cidade”.

A impressão é de Cibele Moraes, 21, estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e diretora e roteirista do documentário “O Reino da Glória”. A produção estreou no último dia 2 de agosto no Crato e deve chegar a outras praças em breve. Nela, a trajetória de Glorinha e de como ela se tornou uma personalidade tão relevante.

Tudo começou por meio de uma pesquisa. Natural do Cariri, Cibele sempre ouviu falar de Glória, dos causos ligados a ela e de pessoas que frequentavam o cabaré. Mas nunca aprofundou nenhum desses assuntos. Até que, instigada pelo professor Rodrigo Capistrano, da disciplina de Laboratório de Telejornalismo, decidiu que era hora de mergulhar.


“Glorinha me veio à mente imediatamente. Era algo que eu tinha curiosidade, costumava ler. Mas trabalhar mesmo, foi com o documentário”. O projeto é um curta-metragem. Havia desejo de fazer algo maior, mas, por ser um trabalho de faculdade, o curto tempo para execução definiu os rumos da iniciativa.


Nada que comprometa a qualidade do filme, porém. “O Reino da Glória” conta a história de Glorinha e do cabaré tocado por ela, mas é muito mais focado no lado pessoal da personagem. Quem ela era fora do cabaré? Por que era considerada uma rainha? Ela era mãe? Câmeras e microfones em riste para elucidar essas questões.

Quem foi entrevistado

A primeira pessoa contatada foi Otonite Cortez, nora de Glorinha. Segundo Cibele, ela foi muito receptiva, permitindo prontamente a feitura do documentário. “Me entregou mais de 200 fotos que eram da própria Glorinha. A partir disso, fomos construindo nossa narrativa”.


Outras pessoas entrevistadas foram Wladimir Carvalho, filho de uma das mulheres que trabalharam com Glorinha; Kaika Luiz, amigo da cratense; e o professor de história da Universidade Regional do Cariri, Iarê Lucas. Com este, ficou a missão de contextualizar historicamente como eram os cabarés daquela época, em que perspectiva estavam inseridos

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