segunda-feira, 7 de junho de 2021

Ford deve concluir venda de fábrica da Troller no Ceará em junho


Um dos investidores interessados na montadora esteve no Ceará na semana passada e compareceu a reuniões com o Banco do Nordeste e com o Governo do Estado

Após seis meses do anúncio da saída da Ford do Brasil, a venda da Troller deve se concluída ainda neste mês de junho. A empresa negocia com pelo menos quatro investidores, dos quais dois estão com vantagem na disputa.

Conforme o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado (Sedet), Maia Júnior, que atua como articulador nas tratativas, um dos interessados esteve no Ceará na semana passada, visitando a fábrica, bem como o Banco do Nordeste e a própria Sedet.

"Um dos investidores esteve aqui, relatou as ideias do projeto, está firme. A Ford indicou que quer concluir o processo até o fim desse mês de junho", afirmou.

Conforme adiantado pelo Diário do Nordeste, um dos interessados na Troller é Alexandre Negrão, automobilista e ex-CEO da Aeris Energy, fábrica de pás eólicas localizada no distrito do Pecém.

Manutenção dos empregos

Maia Júnior reforçou que o interesse do Governo do Estado nas tratativas é garantir a manutenção da fábrica, dos empregos gerados e que o comprador agregue valor à marca e aos produtos. A montadora gera cerca de 470 postos de trabalho diretos.

O secretário detalha que o projeto do investidor com relacionamento mais próximo ao Governo do Estado atende a esses objetivos.

"Ele acena que está na disputa, muito interessado. E se vier a comprar irá agregar valor ao projeto, vai realizar novos investimentos, melhorar o portfólio, a tecnologia da fábrica"
Maia Júnior
Secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho

A expansão do leque de veículos produzidos se daria através do viés renovável, com carros híbridos e elétricos, mas sem deixar a base atual.

O potencial investidor também pretende reformular a base de peças utilizadas e de fornecedores na tentativa de diminuir o grau de importação dos insumos.

Saída da Ford

Mesmo sem um comprador, as operações na montadora da Troller devem continuar até 31 de dezembro.

As tratativas para a venda da fábrica iniciaram logo após o anúncio da Ford de encerrar as atividades no Brasil, realizado em 11 de janeiro. A venda é a alternativa para que a planta não feche definitivamente.

A decisão da Ford interrompeu imediatamente as atividades em Camaçari (BA), onde eram produzidos os modelos Ka e EcoSport. A unidade de Taubaté (interior de São Paulo), que fabricava motores e transmissões, também parou logo após o anúncio.

A Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas decorrentes por conta do anúncio do fechamento das fábricas no País.

Histórico da Troller

Carros da Troller fazem trilha

Inaugurada no fim da década de 1990 no município de Horizonte, a marca cearense Troller recebeu investimentos de aproximadamente R$ 18,5 milhões, gerando inicialmente 315 empregos diretos e 1,26 mil indiretos.

Em 2005, a marca realizou investimentos de R$ 30 milhões no desenvolvimento de novos veículos e motores, bem como na expansão da fábrica, que triplicou de tamanho e passou a contar com uma pista de testes de 100 mil metros quadrados.

Passando por dificuldades financeiras, a unidade foi vendida para a Ford em 2007 após um ano de negociações, que realizou um conjunto de investimentos no Brasil. Depois da aquisição, a produção da fábrica passou de 80 unidades para 150 por mês, um crescimento de 87% em quatro anos.

Segundo estimativa do então governador Cid Gomes, a Troller recebeu cerca de R$ 400 milhões em investimentos da Ford entre 2007 e 2011, o suficiente para ampliar em 1% o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, que girava em torno de R$ 39 bilhões antes dos aportes.

Os recursos foram aplicados na expansão da produção dos veículos, na marca da empresa cearense e em estudos de novos mercados.

Em 2012, a Ford solicitou a Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace) licença de instalação para ampliação dos galpões. O objetivo foi expandir a produção de veículos e utensílios. 

DN 

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