quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Mestre Raimundo Aniceto faz da rua uma terreirada na inauguração do primeiro museu orgânico do Crato



Localizado no bairro Seminário, o museu casa da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto tem a proposta de manter viva a dança do povo Kariri através da tradição herdada da música (Fotos: Augusto Pessoa)

Ao lado da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, Mestre Raimundo, nesta terça-feira, 6, fez da rua um espetáculo aberto durante a inauguração do primeiro museu orgânico do Crato que homenageia a trajetória do grupo na cultura popular. Vestidos de azul, no bairro Seminário, os músicos cantaram peças e elaboraram passos durante o primeiro dia de programação do “I Seminário Internacional Patrimônio da Humanidade Chapada do Araripe” com a presença do Sistema Fecomércio Ceará, no braço social do Sesc, e da Fundação Casa Grande de Nova Olinda.

            O evento contou com o apoio de Alemberg Quindins, fundador da Casa Grande, que destacou a importância do centro cultural do Mestre Raimundo não só para o desenvolvimento sustentável regional, mas também para as relações sociais de integração do território da Chapada do Araripe. “Nós temos uma bacia cultural do Araripe com essa Chapada no meio e, a partir disso, unimos quatro estados envolta dela”, destaca Alemberg sobre o fortalecimento dos laços culturais interestaduais entre Ceará, Pernambuco e Piauí.

       
     


A rota do museu do Mestre Raimundo faz parte do percurso cotidiano da própria casa. A cor verde é utilizada em diversas texturas e nuances. Nas paredes de quase todos os cômodos, especialmente nas salas de estar e jantar, e nos corredores, foram expostas fotografias dos integrantes da banda e diversos prêmios adquiridos na trajetória musical. Dona Raimunda, esposa do Mestre Raimundo, agradece a organização do museu e demonstra satisfação por aparecer retratada em algumas fotos espelhadas pela residência. 

            Presença importante na elaboração da proposta do museu orgânico, o Secretário de Cultura do Estado, Fabiano Piúba, citou a relevância da atuação da Casa Grande na preservação do patrimônio cultural. Segundo ele, os saberes populares são importantes para a constituição da memória regional. “Gosto de dizer que toda casa de um mestre é uma escola e um museu ao mesmo tempo. O mestre é guardião do saber tradicional, gerado de mão em mão, de coração em coração” afirmou. 

            



Enquanto algumas das crianças do Reisado do Mestre Aldenir brincavam espadas, Maurício Filizola, Presidente da Fecomércio Ceará, enfatizava o papel da infância na cultura. “Aqui estamos no momento de resgate da nossa infância, da nossa criança. Quando nós recebemos de presente o Mestre Aniceto, estamos sendo presenteados com todos os antepassados e com a cultura do nosso Estado”, disse. De acordo com ele, uma das funções da instituição na execução do projeto “Museus Orgânicos dos Mestres de Cultura Tradicional do Cariri”, que visa produzir ao todo 16 espaços, é promover uma rota para o turismo comunitário na região. 

Sobre os Museus Orgânicos

Objetos que simbolizam as tradições, fotografias, vestimentas, instrumentos são alguns dos elementos que integram os acervos dos 16 Museus Orgânicos dos Mestres de Cultura Tradicional do Cariri. Compreendendo a cultura de tradição como parte integrante da expressão humana, o Sesc, braço social do Sistema Fecomércio Ceará e Fundação Casa Grande são incentivadores dos Museus Orgânicos dos Mestres de Cultura Tradicional do Cariri. A iniciativa tem a missão de trazer a um circuito de turismo social e cultural e fomentar uma rede de espaços de memória, fortalecendo essas expressões tradicionais, já reconhecidas pela comunidade em que cada Mestre vive e construiu sua história.  

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