A região, que estava vazia há quatro décadas, foi ocupada pelas famílias em abril deste ano. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE) acompanha o caso
Os homens chegaram por volta das 6 horas da manhã e deram um prazo para que todas as famílias saíssem, informando que o dono da propriedade havia ordenado, conforme informou uma ocupante que não será identificada. "Ficamos com muito medo, muito medo mesmo. Nós temos um grupo e no grupo era todo mundo mandando áudio, chorando, dizendo 'meu Deus pra onde a gente vai'", relembrou.
Ela e outras famílias resolveram ocupar o terreno no final de abril deste ano, ao perceberem que a região estava há mais de quatro décadas abandonada e que o dono não aparecia no local. Desempregada e sem condições de arcar com o aluguel da antiga casa onde morava, a mulher se uniu a dezenas de outras pessoas que assim como ela estão em situação de vulnerabilidade social e ergueu uma barraca no espaço.
"Como o dono nunca tinha aparecido as famílias entraram e montaram barracos, aqui tem muita gestante, muita crianças. (É um espaço) bom pra gente poder tá mais sossegado, ter onde dormir, dormir nosso filhos", desabafa a ocupante, que encontrou no espaço uma opção de não acabar em situação de rua.
O POVO procurou a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor) para saber se as famílias serão assistidas ou se há algum planejamento de apoio a população, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
Caso está sendo acompanhado
As famílias estão sendo assistidas pela Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) e recebendo apoio jurídico de Julianne Melo, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE). A representante esteve no local e informou ao O POVO que os homens chegaram no espaço sem ordem judicial, apenas com um papel em mãos, que não tinha validade jurídica.
Julianne relatou que a polícia foi chamada e quando as guarnições chegaram até o local identificaram que pelo menos cinco dos homens eram policiais a paisana. De acordo com a representante, eles teriam sido encaminhados para a delegacia logo após serem identificados e presos. Apesar do grupo afirmar que respondia pelo dono do terreno, na ocasião não conseguiram comprovar ligação.
Procurada pelo O POVO, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não confirmou a prisão dos envolvidos e nem falou sobre o caso, solicitando que fosse feito contato com a Policia Militar do Ceará (PMCE). O órgão de segurança foi então procurado e questionado acerca das denúncias, mas até o fechamento desta matéria não havia dado retorno. A reportagem ainda buscou a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) e aguarda resposta.
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