Pesquisadores descobriram que o número de horas de sono pode influenciar diretamente as funções cognitivas de idosos.A quantidade de horas de sono de adultos com mais de 70 anos pode afetar a saúde do cérebro, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (30) na revista JAMA Neurology. Segundo os autores, o sono interrompido é comum na idade avançada e está associado a mudanças na função cognitiva – a capacidade mental de aprender, pensar, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, lembrar e prestar atenMudanças no sono relacionadas à idade também foram associadas a sinais precoces de doença de Alzheimer, depressão e doença cardiovascular. Por isso, os autores investigaram possíveis associações entre a duração do sono autorrelatada, fatores demográficos e de estilo de vida, função cognitiva subjetiva e objetiva e níveis de beta amiloide – um marcador da doença de Alzheimer.Os participantes do estudo que relataram uma curta duração do sono – definida como seis horas ou menos – tinham níveis elevados de beta amiloide, o que “aumenta muito” o risco de demência, disse por e-mail o principal autor do trabalho, Joe Winer, pesquisador de pós-doutorado na Stanford University, na Califórnia. Isso em comparação com os participantes que relataram duração de sete a oito horas de sono por noite, considerado a duração normal.Os idosos com sono inadequado também tiveram desempenho moderado a significativamente pior em testes comumente usados nessa faixa etária para avaliar habilidades cognitivas, incluindo orientação, atenção, memória, linguagem, habilidades visoespaciais e identificação de demência leve.Dormir muito também foi associado a funções executivas menores, mas essas pessoas não tinham níveis elevados de beta amiloide. Os participantes que relataram uma longa duração do sono (nove ou mais horas) pontuaram um pouco pior no Teste de Substituição de Símbolos de Dígitos do que aqueles que relataram uma duração normal.Por mais de um século, este teste avaliou as habilidades de aprendizagem associativa, observando a capacidade dos participantes de fazer a correspondência correta entre símbolos e números num período de 90 a 120 segundos.“A principal lição é que é importante manter um sono saudável no final da vida”, disse Winer por e-mail. “Além disso, tanto as pessoas que dormem muito pouco quanto as que dormem demais tiveram maior índice de massa corporal e mais sintomas depressivos”. As descobertas sugerem que o sono curto e longo podem envolver diferentes processos de doenças subjacentes, acrescentou Winer.Beta amiloide 101A beta amiloide ou amiloide-β é uma proteína criada durante a atividade normal das células cerebrais, embora ainda não tenhamos certeza de sua função, segundo Winer. “É um dos primeiros marcadores detectáveis na progressão da doença de Alzheimer“, diz.O especialista explica que as proteínas amiloide-β começam a se acumular em todo o cérebro, aderindo em placas. As placas amiloides têm maior probabilidade de aparecer com a idade, e muitas pessoas com amiloide acumuladas no cérebro permanecem saudáveis. “Cerca de 30% das pessoas saudáveis de 70 anos terão quantidades substanciais (de) placas amiloides em seus cérebros”, afirma.Quando alguém tem a doença de Alzheimer, suas células cerebrais que recuperam, processam e armazenam informações se degeneram e morrem, de acordo com a Associação de Alzheimer. A “hipótese amiloide”, uma das principais teorias sobre o culpado por essa destruição, sugere que o acúmulo da proteína pode interromper a comunicação entre as células cerebrais, acabando por matá-las.Pesquisas anteriores sugeriram que o sono pode ajudar a limitar a produção de amiloide no cérebro e apoiar o sistema de drenagem que o limpa, segundo Laura Phipps, chefe de comunicações da Pesquisa de Alzheimer do Reino Unido, que não estava envolvida no estudo.O amiloide-β pode começar a se acumular muitos anos antes que os sintomas óbvios de Alzheimer apareçam, acrescentou Phipps. “Isso torna difícil separar causa e efeito ao estudar problemas de sono e risco de Alzheimer, especialmente se você olhar apenas para os dados de um ponto no tempo.”Sono, depressão e dados sociodemográficosO estudo analisou 4.417 participantes com idade média de 71,3 anos, a maioria brancos e procedentes dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e do Japão.Ambos os grupos de sono de curta e longa duração relataram mais sintomas depressivos do que o grupo de sono normal. A ingestão autorrelatada de cafeína não foi associada com a duração do sono. Porém, quanto mais bebidas alcoólicas os participantes bebiam diariamente, maior a probabilidade de dormirem mais.Também havia diferenças entre gêneros, raças e etnias: ser mulher e ter mais anos de educação estavam ambos significativamente associados a dormir mais todas as noites. E quando comparados com participantes brancos que relataram uma duração média de sono de sete horas e nove minutos, participantes negros ou afro-americanos relataram uma duração média de sono de 37,9 minutos a menos. Os voluntários asiáticos relataram 27,3 minutos a menos do que os brancos, e os latinos ou brancos hispânicos relataram 15 minutos a menos.Essas descobertas sugerem que as disparidades de sono podem estar associadas a disparidades em outros aspectos da vida, como saúde cardiovascular e metabólica, fatores socioeconômicos e “discriminação racial e racismo percebido” correlacionados com menos sono em estudos anteriores, escreveram os autores.Perguntas sem resposta“Para entender melhor a ordem e a direção da causalidade nessas relações, pesquisas futuras precisarão construir uma imagem de como os padrões de sono, processos biológicos e habilidades cognitivas mudam em longos períodos de tempo”, disse Phipps. “Esta nova pesquisa é de um grande estudo internacional com pessoas cognitivamente saudáveis, mas contou com os participantes para relatar sua duração do sono, em vez de medi-la diretamente”, acrescentou.“Os pesquisadores não puderam avaliar a qualidade do sono ou o tempo gasto em diferentes estágios do ciclo do sono. Cada um deles pode ser um fator importante na ligação entre o sono e a saúde cognitiva. Os idosos preocupados com essas descobertas deveriam considerar o sono tão importante quanto a dieta e os exercícios para a saúde”, disse Winer.“Enquanto os pesquisadores ainda estão trabalhando para entender a relação complexa entre o sono e nossa saúde cognitiva de longo prazo, dormir bem pode ser importante para muitos aspectos de nossa saúde e bem-estar”, disse Phipps. “A melhor evidência sugere que entre sete e nove horas de sono é o ideal para a maioria dos adultos, e quem pensa que seus padrões de sono podem estar afetando sua saúde a longo prazo deve falar com seu médico.”(Texto traduzido. Leia o original em inglês.)
A quantidade de horas de sono de adultos com mais de 70 anos pode afetar a saúde do cérebro, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (30) na revista JAMA Neurology. Segundo os autores, o sono interrompido é comum na idade avançada e está associado a mudanças na função cognitiva – a capacidade mental de aprender, pensar, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, lembrar e prestar atenMudanças no sono relacionadas à idade também foram associadas a sinais precoces de doença de Alzheimer, depressão e doença cardiovascular. Por isso, os autores investigaram possíveis associações entre a duração do sono autorrelatada, fatores demográficos e de estilo de vida, função cognitiva subjetiva e objetiva e níveis de beta amiloide – um marcador da doença de Alzheimer.Os participantes do estudo que relataram uma curta duração do sono – definida como seis horas ou menos – tinham níveis elevados de beta amiloide, o que “aumenta muito” o risco de demência, disse por e-mail o principal autor do trabalho, Joe Winer, pesquisador de pós-doutorado na Stanford University, na Califórnia. Isso em comparação com os participantes que relataram duração de sete a oito horas de sono por noite, considerado a duração normal.Os idosos com sono inadequado também tiveram desempenho moderado a significativamente pior em testes comumente usados nessa faixa etária para avaliar habilidades cognitivas, incluindo orientação, atenção, memória, linguagem, habilidades visoespaciais e identificação de demência leve.Dormir muito também foi associado a funções executivas menores, mas essas pessoas não tinham níveis elevados de beta amiloide. Os participantes que relataram uma longa duração do sono (nove ou mais horas) pontuaram um pouco pior no Teste de Substituição de Símbolos de Dígitos do que aqueles que relataram uma duração normal.Por mais de um século, este teste avaliou as habilidades de aprendizagem associativa, observando a capacidade dos participantes de fazer a correspondência correta entre símbolos e números num período de 90 a 120 segundos.“A principal lição é que é importante manter um sono saudável no final da vida”, disse Winer por e-mail. “Além disso, tanto as pessoas que dormem muito pouco quanto as que dormem demais tiveram maior índice de massa corporal e mais sintomas depressivos”. As descobertas sugerem que o sono curto e longo podem envolver diferentes processos de doenças subjacentes, acrescentou Winer.Beta amiloide 101A beta amiloide ou amiloide-β é uma proteína criada durante a atividade normal das células cerebrais, embora ainda não tenhamos certeza de sua função, segundo Winer. “É um dos primeiros marcadores detectáveis na progressão da doença de Alzheimer“, diz.O especialista explica que as proteínas amiloide-β começam a se acumular em todo o cérebro, aderindo em placas. As placas amiloides têm maior probabilidade de aparecer com a idade, e muitas pessoas com amiloide acumuladas no cérebro permanecem saudáveis. “Cerca de 30% das pessoas saudáveis de 70 anos terão quantidades substanciais (de) placas amiloides em seus cérebros”, afirma.Quando alguém tem a doença de Alzheimer, suas células cerebrais que recuperam, processam e armazenam informações se degeneram e morrem, de acordo com a Associação de Alzheimer. A “hipótese amiloide”, uma das principais teorias sobre o culpado por essa destruição, sugere que o acúmulo da proteína pode interromper a comunicação entre as células cerebrais, acabando por matá-las.Pesquisas anteriores sugeriram que o sono pode ajudar a limitar a produção de amiloide no cérebro e apoiar o sistema de drenagem que o limpa, segundo Laura Phipps, chefe de comunicações da Pesquisa de Alzheimer do Reino Unido, que não estava envolvida no estudo.O amiloide-β pode começar a se acumular muitos anos antes que os sintomas óbvios de Alzheimer apareçam, acrescentou Phipps. “Isso torna difícil separar causa e efeito ao estudar problemas de sono e risco de Alzheimer, especialmente se você olhar apenas para os dados de um ponto no tempo.”Sono, depressão e dados sociodemográficosO estudo analisou 4.417 participantes com idade média de 71,3 anos, a maioria brancos e procedentes dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e do Japão.Ambos os grupos de sono de curta e longa duração relataram mais sintomas depressivos do que o grupo de sono normal. A ingestão autorrelatada de cafeína não foi associada com a duração do sono. Porém, quanto mais bebidas alcoólicas os participantes bebiam diariamente, maior a probabilidade de dormirem mais.Também havia diferenças entre gêneros, raças e etnias: ser mulher e ter mais anos de educação estavam ambos significativamente associados a dormir mais todas as noites. E quando comparados com participantes brancos que relataram uma duração média de sono de sete horas e nove minutos, participantes negros ou afro-americanos relataram uma duração média de sono de 37,9 minutos a menos. Os voluntários asiáticos relataram 27,3 minutos a menos do que os brancos, e os latinos ou brancos hispânicos relataram 15 minutos a menos.Essas descobertas sugerem que as disparidades de sono podem estar associadas a disparidades em outros aspectos da vida, como saúde cardiovascular e metabólica, fatores socioeconômicos e “discriminação racial e racismo percebido” correlacionados com menos sono em estudos anteriores, escreveram os autores.Perguntas sem resposta“Para entender melhor a ordem e a direção da causalidade nessas relações, pesquisas futuras precisarão construir uma imagem de como os padrões de sono, processos biológicos e habilidades cognitivas mudam em longos períodos de tempo”, disse Phipps. “Esta nova pesquisa é de um grande estudo internacional com pessoas cognitivamente saudáveis, mas contou com os participantes para relatar sua duração do sono, em vez de medi-la diretamente”, acrescentou.“Os pesquisadores não puderam avaliar a qualidade do sono ou o tempo gasto em diferentes estágios do ciclo do sono. Cada um deles pode ser um fator importante na ligação entre o sono e a saúde cognitiva. Os idosos preocupados com essas descobertas deveriam considerar o sono tão importante quanto a dieta e os exercícios para a saúde”, disse Winer.“Enquanto os pesquisadores ainda estão trabalhando para entender a relação complexa entre o sono e nossa saúde cognitiva de longo prazo, dormir bem pode ser importante para muitos aspectos de nossa saúde e bem-estar”, disse Phipps. “A melhor evidência sugere que entre sete e nove horas de sono é o ideal para a maioria dos adultos, e quem pensa que seus padrões de sono podem estar afetando sua saúde a longo prazo deve falar com seu médico.”(Texto traduzido. Leia o original em inglês.)
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