Gestora da Cultura de Uruburetama teria chamado a apresentação de "macumba". Para o afastamento, ela alegou "problemas emocionais"
Após a polêmica interrupção de uma quadrilha junina inspirada no candomblé, em Uruburetama, no interior do Ceará, a secretária de Turismo e Cultura do Município pediu afastamento do cargo. Fernanda Carneiro teria mandado acabar com o evento, chamando a exibição de "macumba".
A saída da gestora da pasta foi confirmada pela direção de relações políticas da Prefeitura, nesta quarta-feira (22).
Conforme nota do Município, a secretária alegou "problemas emocionais" para pedir o afastamento. Ela já não faz mais parte da gestão desde essa terça (21). A quadrilha foi interrompida no domingo (19).
POLÍCIA INVESTIGA
A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) investiga o caso. Em nota, a PC-CE afirmou que apura a possibilidade de crime contra o sentimento religioso e disse que as investigações estão sendo conduzidas pela Delegacia Municipal de Uruburetama, que, no momento, ouve testemunhas e faz diligências.
A Prefeitura e a paróquia do Município se manifestaram contrárias à atitude da gestora, que se incomodou porque a exibição cultural tinha trechos inspirados no candomblé.
De acordo com um integrante da quadrilha Trem Maluco, a secretária mandou parar a apresentação no momento em que os participantes estavam de branco e prestavam uma homenagem à Irmã Dulce, freira brasileira que atuou em prol dos pobres na Bahia.
A secretária teria alegado que o festival junino era um “evento católico” e que a apresentação do grupo parecia um “terreiro de macumba”.
PREFEITURA E IGREJA SE MANIFESTAM
Em nota divulgada nas redes sociais antes do afastamento de Fernanda Carneiro, o prefeito Branco do Angelim (PT) pediu desculpas ao grupo e disse que não compactua com preconceito ou intolerância.
“Jamais compactuamos, enquanto entidade que preza pelo bem comum da sociedade e da cultura, com nenhum tipo de preconceito ou intolerância, nem dentro nem fora de nossa gestão”, afirmou, garantindo que tomaria providências para que a situação não se repetisse com outros grupos que ainda devem se apresentar no festival de quadrilha da Cidade.
A igreja do Município também se manifestou sobre o assunto. Isso porque o nome do padre José Ránis da Paz Dias foi usado para justificar a interrupção da apresentação.
“O reverendíssimo padre Ránis afirma que não tinha conhecimento algum sobre o ocorrido, nem estava presente no momento da referida apresentação”, escreveu a Paróquia São João Batista, agradecendo, em seguida, ao grupo, pela homenagem à Irmã Dulce.
Por Diário do Nordeste
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