A manutenção de todas as regiões do Estado nos estágios atuais do plano de retomada da atividade econômica sinalizou uma sintonia entre o Governo do Estado e o setor produtivo. Ao afirmar que Fortaleza segue na fase 1 do cronograma, enquanto o restante do Ceará continua na fase de transição – inicialmente prevista para uma semana –, exceto por Sobral, Acaraú, Camocim e Itarema, o governador Camilo Santana citou que a decisão foi tomada após diálogo com os membros do comitê de combate ao novo coronavírus, citando integrantes do setor produtivo e o secretário da Saúde.
“Vamos renovar o decreto por mais sete dias, mantendo a capital cearense na fase 1 da flexibilização, mantendo a Região Norte em isolamento social rígido naquelas principais cidades e recomendando precauções e mais rigor ao Cariri”, afirmou o governador, ressaltando que “nós não voltamos à normalidade ainda”.
De acordo com Camilo, Fortaleza continua com bons indicadores na área da saúde, e sinaliza poder avançar para a fase 2 no próximo domingo. No entanto, outras regiões despertam preocupação.
“A Região Norte, onde tínhamos feito isolamento social rígido para Sobral, Camocim, Itarema e Acaraú, é a que mais nos preocupa, agora. Houve uma melhora nos últimos dias, mas há uma tendência ainda de crescimento”, observou o governador.
O Cariri também surgiu como região onde “o sinal amarelo ascendeu”. Por isso, Camilo afirmou que irá “recomendar no decreto que os municípios do Cariri façam maiores restrições, mas continuem na transição, para que a gente faça uma observação e avalie como vai ser dar o comportamento desses municípios”.
Receptividade
Para o empresário Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), e Maurício Filizola, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio), a decisão não poderia ser outra, tendo em vista o número elevado de casos da Covid-19 no interior do Estado.
“A flexibilização seria extremamente temerária e a decisão (do Governo) foi pautada na responsabilidade, seguindo os protocolos estabelecidos pela equipe de saúde do Governo. Neste momento há uma necessidade de tranquilidade e de paciência, não existe outra alternativa. Primeiro precisamos estabelecer um controle da pandemia para, assim, restabelecermos as atividades econômicas com um mínimo de risco”, destaca.
Risco no Interior
O presidente da Fecomércio-CE lembra que a pandemia do novo coronavírus, no Ceará, começou por Fortaleza e, só após algumas semanas, chegou às cidades do interior.
“Se na Capital houve um período grande de fechamento total da economia, quando estávamos vivendo o pico da Covid-19, seria um descompasso se a mesma estratégia não fosse aplicada ao interior”, ressalta Filizola.
“Mas para uma retomada tranquila, é necessário que tenhamos um apoio financeiro do Governo do Estado, nos mesmos moldes do que foi dispensado para a área de saúde, no controle da pandemia”, afirma.
Avaliação da retomada
A primeira semana da reabertura do comércio na Capital foi “surpreendente”, na avaliação do presidente da CNDL. “Acredito que o bom desempenho nas vendas esteja se dando por uma demanda reprimida. É claro que essa fase vai passar e é necessário que os comerciantes estejam preparados para isso. Eu não sei avaliar como o setor vai se comportar daqui pra frente, porque não conhecemos nada. Como a 'fratura' ainda não está exposta, acredito que apenas os que agirem com tranquilidade vão ter sucesso”, alerta Cordeiro.
Indústria
Para André Montenegro, vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), a expectativa é de que o setor industrial continue evoluindo na retomada conforme as próximas fases permitam o aumento da força de trabalho. Avalia como “muito positivo” o comportamento do setor nas últimas semanas, com o cumprimento dos protocolos de segurança e higiene.
“Em alguns setores o protocolo vai além das exigências do Governo”, ele diz. “E até o momento não temos conhecimento de grandes problemas”, completa.
Sobre o maior rigor quanto ao distanciamento social nas regiões Norte e do Cariri, que contam com grandes indústrias, Montenegro diz que os protocolos em vigor têm cumprido o papel de resguardar a saúde dos colaboradores. “Acredito que não teremos problemas no setor da indústria”, estima o vice-presidente da FIEC.
Fonte: Diário do Nordeste
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