Com a pandemia do novo coronavírus, o sistema de educação teve que se reinventar para não parar. O meio encontrado para isso foi a Internet. Foi a partir da dificuldade de acesso à rede que o Governo do Ceará trabalhou a distribuição de chips com pacotes de internet. Nesta terça-feira (22), os estudantes da rede pública estadual de ensino começaram a receber o chip, que tem pacote mensal de 20GB.
Quase 347 mil estudantes serão beneficiados. O investimento do Tesouro Estadual nos seis primeiros meses será de R$ 29.415.157,20. Para o governador Camilo Santana, empregar recursos públicos na área da educação é abrir caminhos para que as futuras gerações vivam em uma sociedade mais igual em oportunidades. “Não temos medido esforços para que nossos jovens possam ter as condições adequadas de estudo, seja em sala de aula ou de forma remota. A única forma de reduzir as desigualdades é dar educação pública de qualidade. Acreditamos no poder da educação na transformação das pessoas, para criarmos um estado mais justo, humano e desenvolvido”, destacou Camilo.
Serão contemplados com o dispositivo estudantes do 6º ao 9º do Ensino Fundamental e do 1ª ao 3ª do Ensino Médio das escolas públicas do Estado e alunos de baixa renda que cursam o Ensino Superior nas universidades Estadual do Ceará (Uece), Regional do Cariri (Urca) e Estadual Vale do Acaraú (UVA), além do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec) e das Faculdades de Tecnologia Centec (Fatec). A ação é coordenada pela Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) e secretarias da Educação (Seduc) e Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece). O aluno deve se dirigir à escola/universidade que está matriculado para retirar o chip, de acordo com a data pré-agendada pela direção.
Uma ajuda real
Para os milhares de alunos beneficiados, o momento é de alegria por saber que, de agora em diante, a falta de acesso à Internet não será mais problema para perder o conteúdo disponibilizado pela escola. Segundo Vitória da Silva (16), estudante do 1º ano do Ensino Médio, acompanhar os estudos em 2020 foi um desafio para parte da classe, fato que muda com os chips. “Foi difícil, porque nem todo mundo tem celular com interne. Agora, tenho certeza que vai melhorar bastante o nosso conhecimento”, comentou a estudante, que sonha em entrar para o Exército Brasileiro ou se tornar médica veterinária.
Precisar de internet para estudar representou também um gasto a mais na residência de Marli Ribeiro, mãe da adolescente Mirela Yohanna, também estudante da 1º ano do Ensino Médio. “Tive que colocar uma internet em casa por conta do colégio. Foi uma despesa a mais durante a pandemia”, afirmou Marli, ao comentar como teve que adaptar para que a filha não saísse prejudicada na educação. Para ela, a iniciativa do Estado está aprovada. “Vai beneficiar muitas crianças que não têm internet em casa, pois, para comprar toda semana, é uma despesa a mais”, relatou.
Desafio virtual para ensinar
Replanejar o ano letivo com as aulas já iniciadas, porém suspensas por conta da pandemia, foi um grande desafio para gestores escolares e professores. “A gente precisou trocar o pneu com o carro em movimento. Não foi nada fácil, diante das responsabilidades e demandas, preocupados em não perder os meninos. Para nós, professores, foi muito desafiador. Nem todo mundo tinha acesso ou acreditava na eficiência de um processo virtual, como até hoje ainda é um processo de conquista”, confessou Márcio Lira, diretor da Escola de Ensino Médio de Tempo Integral General Eudoro Correia, em Fortaleza.
Aline Martins, coordenadora da unidade, contou que desde o começo a internet foi a grande aliada, mesmo cientes de que era um meio que tinha suas restrições. “Inicialmente foi feito um blog, que foi o meio mais rápido que a gente encontrou de arquivar as atividades e os alunos terem acesso. Depois melhoramos o atendimento via Whatsapp e então veio a ferramenta do Governo do Estado, que foi o Google Class”, detalhou Aline.
Mesmo com a boa vontade e empenho, os gestores escolares reconheceram o empecilho do acesso à internet por parte dos estudantes. “Eles não gostaram muito no começo, mas depois muitos se adaptaram bem e fizeram por onde. Contudo, tivemos alunos que só conseguiram ter acesso no final do segundo semestre”, ressaltou a coordenador.
Agora, com o bom pacote de dados disponibilizado pelo Governo do Ceará, o diretor da unidade de ensino acredita que melhores resultados serão obtidos. “Com certeza essa falta do acesso, ou pouco acesso, foi primordial. Então esse processo do chip caiu como uma luva. Muitos deles têm acesso à internet, mas simples. Acessa uma mensagem, mas não abre uma imagem ou vídeo, impedindo-os de acessar algum material produzido pelos professores”, pontuou Márcio Lira.
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