Quem trabalha com comunicação sabe o quanto, durante anos, se comemorou a exposição positiva de uma marca na primeira página de um grande jornal. Era earned media de primeira classe! Mas a maneira como o brasileiro consome notícias está se transformando de maneira tão profunda que, hoje, a medida de sucesso de uma campanha de PR deve ser outra: a notícia foi compartilhada no Facebook? Quantas vezes? Por quem? Está circulando em grupos de WhatsApp? Se sua notícia não circular nessas mídias, provavelmente vai apenas literalmente embrulhar peixe no dia seguinte. O contrário também é verdadeiro. Aquela pequena nota no pé de página num impresso que ganha força, nas redes pode virar uma bomba.
Os dados do mais importante estudo sobre consumo de notícias do mundo, o Digital News Report, do Reuters Institute, publicado nesta terça-feira, 12, mostram que o brasileiro, mais do que nunca, é um “leitor de redes sociais”: 64% dos que têm acesso à internet se informam por meio delas. Se somarmos a isso a leitura de notícias online, o número chega a 87%. É mais do que a TV (73% se informam nesse meio) e infinitamente maior do que do meio impresso: apenas 27% ainda dizem ler notícias em papel (número que caiu praticamente pela metade nos últimos seis anos).
O brasileiro é o líder mundial em uso do WhatsApp para obter notícias: 53%, empatado tecnicamente com o Facebook (54%). Na média mundial, apenas 16% dizem usar o app para ver notícias. Além disso, a maioria também diz compartilhar notícias nas redes ou por e-mail (58%). E, como WhatsApp é essencialmente um app mobile, os celulares são, de longe, o dispositivo mais usado para obter notícias (77%). Para se ter uma ideia da transformação, apenas 23% usavam seu celular para se informar há cinco anos.
Mas isso não significa que as grandes marcas de notícias tradicionais não tenham mais relevância. Os respondentes que disseram ter visto notícias do UOL (44%) e Globo News Online (39%) na última semana são o dobro dos que disseram ter se informado pelo Antagonista (19%), por exemplo.
Portanto, fazer PR hoje vai muito além de conseguir a tal exposição em um ou outro veículo que você considera relevante. É preciso ter um amplo conhecimento de ciência de dados, BI e uso de ferramentas (inclusive inteligência artificial) para mensurar o impacto de notícias em tempo real e criar estratégias assertivas de distribuição desses conteúdos nas redes. É preciso colocar a notícia que interessa, “na cara” de quem interessa, na hora certa, no lugar certo. E isso significa domínio profundo de novas tecnologias.
A mensuração de resultados é, mais do que nunca, um desafio enorme: se a velha conta centimetragem X valor publicitário já não fecha há muito tempo, é preciso estabelecer métricas que considerem toda a trajetória de uma notícia, da URL do veículo até a tela do celular do leitor. E lembre-se disso: hoje, notícia boa é notícia compartilhada.
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