No período posterior à ‘Chacina das
Cajazeiras’, o ‘Barreirão’ atraiu para si todas as atenções do Poder Público, e
foi notado até pela imprensa internacional, contudo, 30 dias após o acontecido,
o local esquecido durante anos volta a ser ‘invisível’.
O som das músicas que ampliavam a
animação e a diversão da comunidade, hoje, fica retido ao quadrilátero das
moradias ocupadas. A tragédia tirou mais do que vidas inocentes, segundo os
moradores, ela maculou a região e, em decorrência do medo, transformou os
habitantes em apenas usuários de seu próprio espaço: não saem à noite e fecham
os portões logo cedo.
“Ainda está aquele
clima: chegou o horário da noite, todo mundo se recolhe pra dentro de casa, não
fica daquele jeito como era antes no bairro todo”, narra um habitante da
comunidade que mora no local há mais de dez anos. Segundo ele, a comunidade
ficou “marcada” pelo crime e a rotina das famílias que ali vivem foi
modificada.
Descrença
Apesar da nova pintura com a
inscrição “fortress asks for peace”, em tradução literal: “Fortaleza pede por
paz”, o muro e o portão do ‘Forró do Gago’ ainda estampam as marcas de
disparos, realizados no dia 27 de fevereiro. Ainda que a tinta preta do luto
comunitário tenha passado por cima das fissuras, o que ocorreu parece ter
ficado ali, não só fincado nas frestas da entrada, mas na memória dos
habitantes da região. “Só acabou a mancha de sangue, mas a cabeça é a mesma,
não esquece”, externa a moradora.
O comércio, inclusive, ainda sente as
consequências da chacina, um mês após o ocorrido. Antes, os mercadinhos e
mercearias funcionavam até as 22h, independentemente do funcionamento da casa
de shows. Agora, com o receio de ficar com as portas abertas, os comerciantes
fecham as portas às 20h30 e, às vezes, mais cedo. “Tem menos gente comprando
também, principalmente nessa rua”, afirma um morador.
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