quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Cearenses ficam mais animados com intensificação da quadra chuvosa


A população de vários municípios do Cariri, principalmente de Juazeiro do Norte,  foi surpreendida com as fortes chuvas na manhã de ontem. A água começou a cair por volta das 7h e durou toda a manhã, provocando alagamentos e congestionamentos, mas nada que tire a alegria do sertanejo diante de chuva em meio a seis anos de precipitações abaixo da média.
As principais vias que ligam Juazeiro do Norte às duas principais cidades vizinhas ficaram completamente alagadas. Na Avenida Padre Cícero (CE-292), entre Crato e Juazeiro, nas proximidades do Atacadão, as duas pistas ficaram tomadas pela água e alguns veículos ilhados. O cenário não foi muito diferente na Leão Sampaio (CE-060), no bairro Lagoa Seca, que há vários anos é afetado pelas chuvas, impedindo os carros de trafegarem. Alguns engarrafamentos se formaram.
O consultor de vendas Kleber Nobre chegou atrasado ao trabalho graças ao volume de água acumulado nas vias. Segundo ele, em algumas não tinha como atravessar por causa dos esgotos entupidos. "Quando saí de casa, não estava chovendo. Aí, quando começou, me molhei todo, além da mochila, dos sapatos e alguns documentos", conta.
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura de Juazeiro do Norte (Seinfra) informou que o prefeito Arnon Bezerra está em contato com instituições financeiras internacionais para o custeio da drenagem na cidade. Após todo o acerto, o processo será levado à Câmara de Vereadores para aprovação. No entanto, outras drenagens de menor porte se encontram em processo licitatório.
A Pasta acrescenta que, no mês de janeiro, iniciou a Operação Inverno, que foi planejada em outubro passado. Nela, são tomadas medidas paliativas como serviços de terraplenagem e desobstrução de bueiros, canaletas e bocas de lobo. Além disso, Arnon Bezerra percorreu a cidade com técnicos para mapear os pontos afetados pelas chuvas.
A última grande chuva em Juazeiro do Norte ocorreu no dia 7 de janeiro passado, quando foram registrados 54,5mm. Na época, evidenciou diversos problemas estruturais na cidade e algumas escolas tiveram as aulas remanejadas para outras salas ou suspensas.
Entre as 7h de terça-feira (6) e às 22h de ontem, choveu em todas as regiões do Estado do Ceará, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), banhando 74 municípios.
Em Granja, na Zona Norte, foram registrados 72mm. A segunda cidade com maior precipitação no período foi Barro, no Cariri, com 57mm. Completam a lista de maiores volumes Hidrolândia (53mm), Brejo Santo (50mm), Parambu (40mm), Sobral (39,8mm), Meruoca (32mm), Morrinhos (28mm) e Massapê (28mm).
Segundo o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz, as chuvas desta quarta-feira (7) são parte da quadra chuvosa do Ceará, influenciada pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Mas também pode ter pequena atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, que atinge, no máximo, a Bahia, mas altera um pouco a atmosfera e interage para facilitar as precipitações no Sul do Ceará.
"Vez por outra acontecem essas chuvas mais consistentes. A gente previu, na terça-feira, que aconteceriam. Mas são variáveis, dependendo da região, pode ter chuvas parecidas, fortes. Mas todo o Estado está sujeito", explica Fritz.
A Funceme acredita que estas chuvas fortes e duráveis podem continuar no Cariri porque é possível que se forme um sistema de nuvens convectivas de média escala. A previsão para hoje (8) é de nebulosidade variável com chuva em todas as regiões do Estado. Na sexta-feira (9), poderá ter nuvens carregadas no Centro-Norte e possibilidade de chuva no Sul do Ceará.

Com as chuvas de terça-feira para quarta-feira, foi registrado aporte de água de 4.433.408 m³, somando 29 açudes no Ceará. Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), houve um aumento de 3.909.794 m³ no volume armazenado, considerando a evaporação e liberação no período. O Açude Gangorra, em Granja, teve o maior aporte, com 1.825.200 m³.
Mesmo assim, alguns reservatórios na sub-bacia do Salgado continuam preocupando pelo baixo volume apresentado nos seis últimos anos de seca. Um deles é o Lima Campos, em Icó, que deve ter água até o fim de abril ou início maio, segundo o gerente da Cogerh de Crato, Alberto Medeiros. A esperança é que ele tenha aporte na quadra chuvosa. "Temos levado água por adutora do Orós, mas ele mesmo já está secando", explica Alberto.
Além dele, o Manuel Balbino, o popular "Açude dos Carneiros", em Juazeiro do Norte, só terá água até junho. Ele é responsável pelo abastecimento da cidade vizinha, Caririaçu. Já o Genipapeiro II, que fornece água para Umari, Baixio e Ipaumirim, está sendo, assim como o Açude do Junco, responsável por Granjeiro. No interior dos dois reservatórios foram perfurados poços profundos que têm conseguido evitar o colapso hídrico nestas cidades.

As fortes chuvas que molharam Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte, na manhã de ontem, para Alberto Medeiros, não significam muito para o abastecimento destas três cidades, pois o volume fez a água correr, impedindo que ela infiltre nos aquíferos. "Mas estas cidades não correm risco porque são abastecidos pela água subterrânea da Bacia Sedimentar do Araripe, que tem grande volume", pontua.

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