domingo, 19 de novembro de 2023

Nordeste terá seca muito forte em 2024, prevê Carlos Nobre

Carlos Nobre: “Já podemos prever uma seca muito forte no Nordeste” — Foto: Carol Carquejeiro/Valor

Semi-árido deve sofrer em 2024 efeitos do El Niño e do aquecimento global

Uma seca forte no semi-árido do Nordeste deve ser o próximo evento decorrente do aquecimento global do planeta conjugado com o fenômeno El Niño. O climatologista Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP e copresidente do Painel Científico da Amazônia, alerta que estas circunstâncias irão afetar a região entre fevereiro e maio, que coincide com o período de chuvas.

“Como vamos ter El Niño muito forte no começo de 2024 nós já podemos prever uma seca muito forte no Nordeste, também porque o Atlântico está muito quente. Ele induz seca no Nordeste mesmo quando não tem El Niño. E a temperatura do oceano está batendo recorde ao norte da linha do Equador”, afirmou.

De acordo com Nobre, o aquecimento global, que deve fazer de 2023 o mais quente dos últimos 125 mil anos, potencializa fenômenos climáticos extremos. Secas nas regiões da Amazônia e do semi-árido, aumento de precipitação na região Sul e clima mais quente no Sudeste e no Centro-Oeste são decorrências normais do “El Niño”, mas não na dimensão e na frequência atual. “Teoricamente você tinha uma seca na Amazônia a cada duas décadas. Agora estamos tendo duas secas fortes por década. Isso é impacto do aquecimento global”, afirma Nobre.
A datação de 125 mil anos corresponde ao último período interglacial da Terra. “No último período interglacial a temperatura estava mais ou menos no nível que ela está hoje e em menos de dez anos nós vamos passar a ser mais quente do que o período interglacial.”

O El Niño deste ano, segundo Nobre, elevou menos a temperatura média do Pacífico do que o registrado entre 2015 e 2016. Mas conta com particularidades que o tornam intenso que o anterior. O El Niño de sete anos atrás teve origem na região centro-leste do Pacífico. O deste ano na região leste. “Por mais que 2015 tenha sido recorde, quando é do centro-leste tem menos seca na Amazônia. É uma área menor de seca e de chuva no Sul”, afirma.

O climatologista afirmou ainda ser impossível prever como será a estação chuvosa no Centro-Oeste e no Sudeste. “Até agora não foi possível desenvolver um modelo que possa predizer onde a linha do zero passa. Abaixo do zero, muita chuva, acima do zero, muito seco Essa linha do zero às vezes fica no Cerrado, às vezes fica no Paraná, ou no norte de Minas Gerais, ou em Mato Grosso. Não conseguimos prever”, afirma. Ele ressalva, contudo, que “ “normalmente a intensidade da seca do Norte e no Nordeste não se equipara à seca no Sudeste e no Centro-Oeste. Pode ter alterações, mas elas não chegam a ser secas pronunciadas como Norte e Nordeste e não chegam a ser chuvas em volume tão exacerbado como no Sul”.

ser impossível prever como será a estação chuvosa no Centro-Oeste e no Sudeste. “Até agora não foi possível desenvolver um modelo que possa predizer onde a linha do zero passa. Abaixo do zero, muita chuva, acima do zero, muito seco Essa linha do zero às vezes fica no Cerrado, às vezes fica no Paraná, ou no norte de Minas Gerais, ou em Mato Grosso. Não conseguimos prever”, afirma. Ele ressalva, contudo, que “ “normalmente a intensidade da seca do Norte e no Nordeste não se equipara à seca no Sudeste e no Centro-Oeste. Pode ter alterações, mas elas não chegam a ser secas pronunciadas como Norte e Nordeste e não chegam a ser chuvas em volume tão exacerbado como no Sul”.

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Por César Felício — De Brasília
Para o Valor Econômico 

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