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Dez anos atrás, a fervilhante produção artística do Cariri necessitava de uma casa de arte para receber espetáculos de teatro, música, dança e diversas linguagens criadas pelos artistas da região. Da mesma forma, os moradores mereciam um local com estrutura apropriada, onde pudessem apreciar o encantamento da arte no seu cotidiano e ter acesso contínuo a atrações culturais.Este equipamento cultural sonhado por tantos caririenses abriu as portas no dia 7 de novembro de 2008, batizado como Teatro Sesc Patativa do Assaré.
Na época, acontribuição de milhares de empresários do comércio, associados ao Sistema Fecomércio Ceará, tornou possível seu erguimento e segue ainda hoje mantendo suas atividades.
Entre os dias 4 e 7 de novembro, o Sesc Ceará comemora a primeira década de fundação, com programação especial de aniversário. Em Juazeiro do Norte, acontecem espetáculos teatrais, exposições, palestras e shows. No dia 4/10, às 20h30, os músicos Waldonys, Fábio Carneirinho, Flávio Leandro, Ana Paula Nogueira e o sanfoneiro Ranier Oliveira cantam repertório de canções queridas do público caririense.
Na segunda-feira, às 19h, será lançado o quadrinho Os Reisados do Cariri Cearense, seguido do espetáculo do Grupo Ninho de Teatro. Na terça, o lançamento será do cordel: Patativa do Assaré em Todos os Cantos; a peça da Cia. Livremente de Teatro será encenada na sequência. Na quarta-feira (7), também às 19h, o grupo paulista Núcleo Toada apresenta o espetáculo “Terceira Toada para João e Maria - Descorrigindo Chico”. (ver programação completa).
Portas abertas
Todos os anos, a programação artística do Sesc do Cariri chega para duzentas mil pessoas em média. Boa parte dela é abrigada pelo Teatro Patativa do Assaré ematrações permanentes, como Semana de Dança do Cariri, Semana Sesc de Artes Integradas, Mostra de Bandas Sesc Sonoridades, Estacionamento da Música, Palco Giratório e a grande Mostra Sesc Cariri de Culturas.
Companhias locais de teatro, como a Cia. Livre Mente, e atores nacionais como, Eduardo Moscovis, Marjorie Estiano, Felipe Abib, Luís Melo, Eriberto Leão, já se apresentaram no local, além de músicos como Cidade Negra, Fafá de Belém, Toquinho, Jorge Vercillo e vários outros.
Para a população de Juazeiro do Norte, este espaço cultural do Sesc está aberto o ano inteiro com exibições de cinema, peças teatrais, shows com entradas gratuitas ou a preços populares. “Qualquer pessoa, grupo ou escola que queira conhecer o Teatro pode vir”, convida Sérgio Magalhães, supervisor de cultura da Unidade Sesc em Juazeiro do Norte.
Os artistas que desejam apresentar seus espetáculos podem participar da chamada pública do Sesc, que recebe propostas todos os anos, e também enviar suas pautas, documento enviado ao Programa Cultura apresentando a atração e solicitando o espaço.
Luiz Gastão Bittencourt presidia a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) na época em que o Teatro Patativa do Assaré estava sendo idealizado. O equipamento cultural simboliza o esforço da instituição em democratizar o acesso à cultura em todo o estado.
“Por ser um berço da cultura, extremamente importante para o Brasil, é que o Cariri tornou-se também um lugar tão relevante para o Sesc e para todo o Sistema Fecomércio. Com unidades operacionais no Crato e em Juazeiro do Norte, as duas maiores cidades do Cariri, e também com ações distribuídas por todo o ano, nas 28 cidades, temos condições de contribuir para o fortalecimento tanto da cultura, como também, de toda a economia da região. Por isso, o sonho e a consolidação do Teatro Patativa do Assaré sempre esteve nessa mesma direção: nos apoiar e ser espaço para a realização de um amplo programa de valorização e divulgação da cultura, além de potencializar valores e iniciativas, das mais diversas, que tem espaço assegurado naquele equipamento”, afirma
Nasce um teatro inovador
A concepção do Teatro Patativa do Assaré incorporou as ideias mais vanguardistas em arquitetura cênica. O espaço foi projetado pelo arquiteto Robson Jorge Gonçalves para adaptar-se ao dinamismo da dramaturgia, dando possibilidades aos diretores de modificar a posição do palco e da plateia em cinco diferentes configurações.
No modelo clássico de teatro, o italiano, a plateia fica de frente para o palco. No elizabetano, a plateia de até 350 pessoas envolve o palco na frente e nas laterais. Já no formato semiarena, o público posiciona-se em uma meia-lua, enquanto na estrutura de arena o palco fica completamente rodeado pelos espectadores. É possível também estruturar o formato passarela, utilizado em desfiles.
Na época em que este centro de espetáculos foi construído, o mundo das artes começava a definir o conceito dos teatros multiconfiguracionais. O arquiteto aponta que o teatro da Unidade Sesc em Juazeiro do Norte foi uma experiência já consolidada de como são essas arenas versáteis.
“O Teatro Sesc Patativa do Assaré se beneficiou por ser resultado de uma soma de experiências anteriores, sendo um dos maiores que projetei. O embrião desse tipo de espaço no Brasil, segundo o livro Teatros do Rio do cenógrafo e professor José Dias, foi o teatro Cacilda Becker no Rio de Janeiro, o qual reformei e modernizei nos anos 90, iniciando uma trajetória de projetos que chegou ao Patativa”, diz Robson Jorge.
Neste ano, dez projetos de Robson Jorge, entre eles o teatro do Sesc, foram compilados no livro “Teatros multiconfiguracionais: o espaço cênico experimental como um jogo de armar”, lançado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).
Ao longo de sua primeira década, o Teatro permitiu que os grupos explorassem suas diversas alternativas. Na cenografia de “Concerto de Ispinho e Fulô”, o coletivo paulista Cia Tijolo transformou o espaço em uma arena para encenar a história sobre vida do poeta que dá nome ao equipamento cultural, o cordelista Patativa do Assaré.
Além de sua versatilidade cênica, há tecnologia de som e imagem à disposição dos artistas e do público. “Seu equipamento cenotécnico e de iluminação cênica é dos mais modernos, e sua infraestrutura de apoio é ótima: camarins, cabine de controle, depósitos e áreas técnicas”, detalha.
O teatro do Cariri
O jornalista, professor e pesquisador Magela Lima acompanha a cena cultural no Ceará há mais de quinze anos. Doutor em Artes Cênicas, crítico de Teatro, Magela foi editor de Cultura do Jornal O POVO até 2012, e em seguida assumiu a Secretaria de Cultura de Fortaleza até 2016.Em seu trabalho jornalístico, cobriu a Mostra Sesc Cariri de Culturas, este projeto do Sesc existente há 19 anos e que reúne a artistas do Cariri, do Brasil e de outros países. Ele avalia que este contexto foi propício para o surgimento do Teatro na cidade de Juazeiro.
“Vi esse movimento de um teatro sonhado, desejado, projetado, executado e depois ocupado. O Cariri é um berço cultural extremamente importante, diversos artistas foram intelectualmente e culturalmente formados lá. O Teatro Patativa do Assaré foi criado para dar conta de uma criação teatral extremamente importante que o Juazeiro já tinha”, avalia Magela.
O programa nacional de Cultura do Sesc é outro fator importante para diversificar o intercâmbio criativo na região. “A grande força do Patativa do Assaré, que é um dos melhores teatros que a gente tem no Ceará, é dosar essa excelente qualidade física e técnica com essa ampla rede de cultura que o Sesc disponibiliza”, diz ele.
Programação:
4/11 – Domingo
Abertura da Exposição: 10 Anos do Teatro SESC Patativa do Assaré
Artistas: Exposição Coletiva
Horário: 19h
Local: Foyer – Entrada do Teatro SESC Patativa do Assaré
Classificação: Livre
1º Encontros Musicais
Apresentação musical com os artistas:
Waldonys, Fábio Carneirinho, Ana Paula Nogueira e Ranier Oliveira.
Horário: 20:30h
Local: Terreiro da Mestra Margarida
Classificação: Livre (adulto)
Troca de ingressos por Intens. de Higiene pessoal e produtos de limpeza para o Mesa Brasil
5/11 – Segunda-feira
Lançamento do Quadrinho: Os Reisados do Cariri Cearense em Quadrinhos
Artistas: Allan Jefferson da Silva – Juazeiro do Norte/CE
Horário: 19h
Local: Foyer – Entrada do Teatro SESC Patativa do Assaré
Classificação: Livre
Espetáculo: Avental Todo Sujo de Ovo
Grupo Ninho de Teatro – Crato/CE
Horário: 20h
Local: Teatro SESC Patativa do Assaré
Classificação: 12 anos
Distribuição de ingressos a partir de duas horas antes do inicio do espetáculo
Com texto do dramaturgo cearense Marcos Barbosa, o espetáculo estreou no início do ano de 2009. Trata da relação familiar, com seus sentimentos, suas limitações e suas in/verdades. Propondo uma intimidade com o público, o elenco convida os espectadores a visitarem a casa de Alzira e Antero, o casal que há 19 anos, junto à comadre Noélia, vive a angustiante espera do filho Moacir, que sumiu de casa aos nove anos de idade. Este cotidiano só se modificará a partir da inesperada visita de Indienne Du Bois. Para promover a atmosfera de intimidade, essa história é contada em espaço cênico de semi arena, sobre um tapete de arroz a uma distância mínima do público, provocando neste, um reflexivo e ativo olhar sobre as relações familiares.
6/11 – terça-feira
Palestra e lançamento de cordel: Patativa do Assaré em Todos os Cantos
Artistas: José Jesus Leite – Assaré/CE
Horário: 19h
Local: Teatro SESC Patativa do Assaré
Classificação: Livre
Espetáculo Teatral: Esperando Comadre Daiana
Grupo: Cia. Livremente de Teatro – Juazeiro do Norte/CE
Horário: 20h
Local: Teatro SESC Patativa do Assaré
Classificação: 12 anos
Distribuição de ingressos a partir de duas horas antes do inicio do espetáculo
Com um tema genuinamente nordestino, a comédia Esperando Comadre Daiana, escrita pelo dramaturgo Emmanuel Nogueira - premiado em concursos de dramaturgia nacional e local, com destaque para os primeiros lugares no “Prêmio Funarte de Dramaturgia/2005 - Região Nordeste e no 4º Concurso Nacional de Dramaturgia - Prêmio Carlos Carvalho – de Porto Alegre – RS, conta a história de duas mulheres recatadas, nordestinas e interioranas (Esmeralda e Venância), que resolvem fazer da criada (Perpétua) a afilhada da princesa Daiana”. Elas acreditam cegamente que esta ação trará reconhecimento, fama e fortuna, mudando para sempre suas simplórias vidas de mulheres do interior. Para verem seus sonhos realizados escrevem uma carta para a princesa Daiana, dando notícia do batismo e da aguardada visita.
Deste modo, a peça faz um passeio pelas crenças e costumes que envolvem a cultura nordestina. E, a partir do riso, elabora uma crítica a esse narcisismo às avessas, a essa idolatria ao outro, ao estrangeiro, que insiste em emparedar todos nós – cearenses / nordestinos, afinal, deixa-se de (re) conhecer os valores locais em benefício de valores outros, distantes, construído de modo vertical e homogêneo pela mídia e a indústria do entretenimento.
7/11 – Quarta
Espetáculo: Terceira Toada para João e Maria - Descorrigindo Chico
Grupo Núcleo Toada – São Paulo/SP
Horário: 19h
Local: Teatro SESC Patativa do Assaré
Classificação: 12 anos
Distribuição de ingressos a partir de duas horas antes do inicio do espetáculo
João e Maria, no intuito de reconstruírem sua relação, saem numa viagem a dois. Esse é o mote dessa Terceira Toada: a tentativa de lidar com o tempo que não para de passar. O casal se depara com as crises da meia idade, o corpo, as rugas, as novas manias, as perdas. Como enfrentar o tempo que vai passando, as mudanças do mundo, as alegrias e os medos que surgem com o passar dos dias. Estão mais maduros, é verdade.
O espetáculo é uma celebração à vida, construída junto com a plateia. Tudo ao som de Chico Buarque.
Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio
Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.
No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo.
Instituição mantida pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo.
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